É muito difícil encaixar o libertarianismo no espectro direita x esquerda, uma divisão criada por uma mera coincidência na organização do parlamento após a Revolução Francesa e que mudou muito ao longo do tempo.
Quando se diz que o austrolibertarianismo é de direita, está se posicionando junto a outros grupos considerados “de direita”, como os conservadores e os nacionalistas. É uma retórica que ajuda esses grupos, fazendo eles parecerem maiores ao mesmo tempo em que se borra as fronteiras do que é o libertarianismo, misturando-o com a defesa de ideias que nada tem a ver com a liberdade.
Ao mesmo tempo, ajuda os socialistas, que nos atacam por coisas que não somos. Para eles, é tudo “direita” (ou “fascistas!”).
Um adendo aqui: essas generalizações não necessariamente representam a realidade. Dentro dos grupos socialistas e conservadores existem várias ramificações, podemos quebrá-los até o nível do indivíduo.
O objetivo aqui não é categorizar corretamente os movimentos ou os indivíduos, tarefa impossível por sinal, mas simplesmente demonstrar que é mais importante encontrar as semelhanças entre aqueles que possuem um princípio em comum do que uma chamada “união da direita”, na qual conservadores e nacionalistas tentam incluir os Libertários e anarcocapitalistas.
E qual seria esse princípio em comum? O da propriedade privada. Para quem não está acostumado com o libertarianismo, essa afirmação pode não fazer muito sentido. Libertarianismo vem da palavra “liberdade”, o que ela tem a ver com propriedade privada? Como vamos ver abaixo, tudo.
E por que escolher um princípio como a propriedade privada e não um mais geral (e conhecido), como a liberdade?
Liberdade é uma palavra de difícil definição. Quando alguém tem liberdade significa que ela pode buscar os seus objetivos, sejam eles quais forem. Significa que a pessoa pode fazer aquilo que ela quer.
Entretanto, liberdade plena de ação só é possível sem escassez, algo impossível, já que nunca haverá recursos de todos os tipos para todo mundo. Para começar, cada pessoa é um recurso único per se, que nunca vai conseguir atender o mundo inteiro, apenas um exemplo para mostrar como um mundo sem escassez não é viável, nem mesmo com todo avanço tecnológico.
Existindo escassez, é inevitável que quando duas ou mais pessoas queiram utilizar o mesmo recurso ao mesmo tempo se crie um conflito. A propriedade privada é uma norma para resolver esses conflitos, é a regra que decide quem pode e quem não pode utilizar determinado recurso escasso.
E é por causa do problema da escassez que a propriedade privada é um ponto ótimo na preservação da liberdade: ela não proíbe nada que não vá interferir na liberdade de outros, apenas decide quando existe um conflito, propondo uma forma pacífica de resolvê-lo.
Ao permitir que uma pessoa faça o que quiser desde que não interfira na liberdade dos outros, a norma da propriedade privada permite que o máximo número de pessoas exerçam ao máximo a sua liberdade (ou que busquem os seus objetivos).
Qualquer regra positivista que interfira na propriedade dos outros estará, necessariamente, violando a liberdade dessas pessoas e diminuindo ela a um ponto abaixo do necessário. E pode observar, sempre que alguém propõe algo do tipo é para o interesse de alguns em detrimento dos outros (é o princípio da universalização).
Assim, qualquer um que diga defender a liberdade e que ao mesmo tempo queira impor uma regra arbitrária diferente da propriedade privada (apropriação original e trocas voluntárias) está sendo inconsistente com a lógica, não está sendo racional.
Lembre-se: não existe defesa da liberdade sem ser pela propriedade privada.
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