Entrevista “McElroy on Liberty” no Mises Institute PT-BR

Tempo de Leitura: 6 minutos

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Tradução da entrevista “McElroy on Liberty”, o texto original da entrevista pode ser acessado aqui.

 

Wendy McElroy, autora e oradora, é uma das mais visíveis e prolíficas intelectuais libertárias trabalhando na tradição austro-rothbardiana. Ela é a autora de Freedom, Feminism, and the State, que está agora em sua terceira edição, The Reasonable Woman:A Guide to Intellectual Survival, entre muitas outras obras (veja a página abaixo para artigos online). Ela é também editora da ifeminists.com.com e é uma contribuinte frequente para o site Lewrockwell.com. Ela foi entrevistada antes de seu seminário no Mises Institute, no dia 14 de Novembro de 2000, no qual ela discutiu “A Tradição Anarquista Individualista: A Contribuição Americana do Século XIX”.

 

Mises.org: À parte de sua produção acadêmica, você está cautelosamente editando as aulas de Rothbard da década de 1980 e 1990.

 

McElroy: Quando você lê os livros de Rothbard, você consegue sentir um pouco de como é a mente incrível dele a trabalho. Você capta a integração entre  teoria, história, e visão moral profunda. Mas o que você perde na palavra impressa sozinha é o charme e humor desse homem e sua habilidade de inspirar as pessoas de forma tão completa.

 

Eu lembro tantas vezes de sentar com Murray quando as horas voavam enquanto ele nos banqueteava com história e ideias. Ele estava constantemente lançando tópicos de pesquisa e referências, sugestões para dissertação, e ideias para investigação. Creio que você consegue sentir um pouco disso nessas aulas. Ao editar, eu deliberadamente deixei em todas a espontaneidade do original, de modo que as pessoas possam sentir um pouco do que é estudar com ele.

 

Quando você o ouve, você sente o quão estimulador ele é, do quão divertido ele fez os assuntos sobre a liberdade serem. Ele faz você querer se juntar à batalha de ideias, sempre do lado dos “mocinhos”, o que significa, é claro, as forças da liberdade, contra as más forças do poder.

 

É claro, seu estilo é contagiante. Depois de eu ouvir as fitas, eu acabei usando um pouco de suas palavras e o fraseado até em áreas que não tinham nada a ver com economia política. Eu ia até a cozinha e perguntei a meu marido “como  você se posiciona na questão do sal?” Ou eu iria anunciar que “neste prato, o molho é chave!” ou algo parecido. Nós rimos desse tipo de conversa rothbardiana, mas é realmente verdade que Rothbard sempre teve esse efeito nas pessoas. O movimento libertário deve muito a ele e à sua influência pessoal. As fitas, e agora os arquivos MP3 no Mises.org ajudam a preservar essa influência pessoal

 

Mises.org: Por que você acredita que se divertir nos estudos é tão chave? Para usar o linguajar de Rothbard. 

 

McElroy: Há muitas reviravoltas ao longo do caminho. Nós temos um tempo difícil enfrentando o viés de  basicamente toda instituição, seja a mídia ou academia ou qualquer outra. Você tem de desenvolver um senso de humor, um senso de alegria sobre a missão, ou você pode perder o entusiasmo. E aí realmente está algo pelo qual se alegrar: o paradigma rothbardiano te ajuda a entender o mundo, e para uma pessoa que é curiosa sobre como a sociedade e o estado funcionam, isso é extremamente importante.

 

Mises.org: Você leu Rothbard antes de conhecê-lo?

 

McElroy: Sim, e foi Murray quem me fez uma anarquista. Quando eu tinha 18 anos, eu li uma peça que ele escreveu chamada “Do You Hate the State?” O contexto era uma luta dentro do Partido Libertário. Murray disse que a diferença entre uma pessoa que quis limitar o estado e alguém na tradição anarquista de Benjamin Tucker e Lysander Spooner é a de que este último teve uma reação visceral contra as ideias do poder ser imposto contra qualquer um por qualquer razão. Os proponentes do governo limitado tomam o estado como um jardim no qual se precisa plantar flores, enquanto o pensador na tradição de Tucker e de Spooner acredita que isso é um mal que deve ser cortado pela raiz.

 

Mises.org: Mas por que isso deve fazer uma diferença fundamental? No final das contas, ambos estão trabalhando rumo ao mesmo fim no curto prazo, o de restringir o poder;

 

McElroy: Faz uma diferença gigante quando você considera a definição de estado que Rothbard usou. O estado é a instituição que imbuí poder injusto contra as pessoas e a propriedade. Agora, eliminar essa injustiça é de importância basilar. Se você é um minarquista, entretanto, você realmente não acredita que o estado é injusto, você não entende o problema principal, suas críticas não serão fundadas em termos morais mas na verdade serão limitadas a termos práticos. Até mesmo de um ponto de vista estratégico, argumentos morais consistentes carregam poder retórico inabalável.

 

Para ter certeza, a ideia anarquista não é um sonho utópico.  Ele não visa alguma terra do nunca na qual a natureza humana é mudada ou entramos em alguma nova fase mítica da história  A ideia de justiça em sentido anarquista é no sentido de que nada é punido exceto a violência. E nada que seja levado ao sistema judiciário não é resolvido em alguma forma de restituição. Uma vez que você tem isso, você tem justiça. Essa é a meta pela qual trabalhar. Ela é uma posição principiada e bem clara.

 

O minarquista é prejudicado de outros modos. Ele pode favorecer o corte de impostos em 10% ou conter o aventureirismo na política externa. Mas, no fim, a autoridade última e o poder são depositados nessa coisa chamada estado, o qual decide como seu poder será usado. E o estado não pode ser limitado e em todo lugar busca mais poder. Qual a alternativa? A instituição que precisamos para fazer decisões últimas e governar a sociedade é o mercado, o nexo das trocas voluntárias, não uma instituição que é injusta em sua própria estrutura.

 

Se você é um anarquista no sentido rothbardiano, você vê o mercado e o estado como instituições incompatíveis. Você vê que um existe apenas em detrimento do outro. Você pode afirmar que nós podemos chegar a algum tipo de compromisso, mas isso não se sustenta porque tal mistura sempre é instável. Sempre haverá uma luta entre o poder e a liberdade, e tudo pelo que o anarquismo espera é que a liberdade será a vencedora nessa luta.

 

Mises.org: No legado rothbardiano, você é a principal pensadora que tem carregado seu problema de pesquisa para a investigação da tradição anarquista americana.

 

McElroy: Eu me tornei interessada em Benjamin R. Tucker e em Lysander Spooner por causa dele. E eu digo novamente que a primeira vez que li os escritos de Rothbard sobre esses dois pensadores eu era muito cética. Eu me perguntava sobre suas afirmações porque elas parecem tão definitivas e ele sempre apresentou seu pensamento com muita leveza.

 

Depois disso, comecei a investigar as fontes originais. E o que você sabe: Rothbard acertou na mosca, de novo e de novo. Ele captou a beleza de seus escritos políticos, muitos dos quais aparecem em uma publicação chamada Liberty que foi publicada continuamente de 1881 até 1908. E meu próximo livro irá providenciar uma contabilidade em escala total desse periódico e sua importância na história das ideias na América.

 

Mises.org: Qual foi a contribuição única desses pensadores?

 

McElroy: Antes de Tucker e de Spooner, havia tantos bons pensadores políticos americanos que viam a luta essencial entre o estado e o indivíduo. Eles reconheceram a necessidade de conter o estado. Mas não tem havido muito pensamento sério sobre como a sociedade deve ser organizada em completa ausência do estado.

 

Mas Tucker produziu algumas das análises mais sofisticadas que temos sobre a implementação prática da sociedade totalmente livre. Ele escreveu sobre tribunais e agências de defesa de livre mercado. Ele discutiu em grande detalhe questões como, em um livre mercado teremos julgamento pelo júri? Ele sempre vinha com conclusões muito surpreendentes. Ele foi também único na história radical de argumentar isso para trazer a tona a justiça, nós não precisamos de criar uma instituição, nós temos uma instituição e é a sociedade de mercado. Precisamos nos livrar de uma instituição, a saber, o estado.

 

Mises.org:E isso faz o ponto a favor da liberdade muito prático.

 

McElroy: É uma figuração muito diferente de uma que você toma da literatura socialista, que imagina um tempo em que leões irão se deitar ao lado de cordeiros, nós todos iremos ser transformados, e coisas parecidas. Por exemplo, se você leu o Looking Backward de Edward Bellamy, que entusiasmou a todos quando apareceu em 1887, você capta essa figuração de uma sociedade que não tem conexão com a realidade. Não haverá mais pobreza, não haverá mais crime, não haverá mais egoísmo, e a comida irá cair das árvores. Essa visão não é acreditável. Os anarquistas da escola Tucker-Spooner providenciam uma alternativa realista, mas radical, a isso.

 

Mises.org: Sua obra vai desde teorias elaboradas até jornalismo muito aplicado. Essa é uma combinação muito rothbardiana.

 

McElroy: Bem, a teoria precisa ser aplicada. E é impossível entender totalmente o poder da teoria sem ter um interesse intenso na história da vida política. Com a teoria correta, você pode ter essa visão como se tivesse um “olho divino” do conjunto de coisas, olhar para baixo, na geografia do mundo, e você pode ver como todo evento, seja local ou internacional, é profundamente permeado pela luta entre liberdade e poder. Eu não acredito que você possa realmente entender os eventos de hoje ou nem sequer o que você lê somente através de jornais.

 

Mises.org Então qual é a abordagem anarquista individualista na atual confusão eleitoral?

 

McElroy: Eu nunca sorri tanto em anos! Se ela ajudar a deslegitimiza o governo – e eu espero que seja e eu creio que é – aqueles de nós que constantemente empunham a espada contra esse monstro com cabeças de hidra chamado de Estado não podem ficar senão agradecidos.

 

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