Como se já não bastasse seu delírio fanático de apoio a Bolsonaro como “representante” dos valores de liberdade no Brasil, sua visão de Bolsonaro como “o verdadeiro bastião” da moral e dos bons costumes, vem agora a fala mais impactante dessa figura controversa, outrora autodenominada Mídia Ancap. Mídia BH, que fez a todos de trouxa quando disse que estava abandonando o nome ancap para popularizar de forma inacreditavelmente significativa o libertarianismo quando seu canal estivesse maior (coisa que nunca aconteceu, afinal ele só queria sugar a atenção que os libertários dão para essas pautas); decidiu, agora, acusar aqueles que igualam Bolsonaro e Lula.
Na fala dele, eleger políticos de direita fará com que o país seja desenvolvido. Sua fórmula é simples: os políticos farão exatamente como sua agenda diz que farão e se prometem estado, então nos darão estado e se prometem liberdade, então nos darão liberdade. A ideia de que o ponto de partida de todo o estudo de agenda política seja justamente que as agendas NUNCA são como enunciadas pelos candidatos em suas campanhas ou que NUNCA sejam precisamente iguais ao histórico anterior do agente não lhe ocorre.
Substitui todo o estudo atual sobre agenda política e arena de debates por uma suposta obviedade: Lula disse que fará isso, Bolsonaro disse que fará aquilo, aquilo é melhor que isso, portanto Bolsonaro é melhor que Lula.
Quem é o pior?
A ideia de que o político seja precisamente o que as circunstâncias exigem dele não lhe ocorre. A ideia de que a própria eleição seja, como explica Mises ao defender a democracia contra a Anarquia, o meio de expansão da tolerância do povo para com o próprio aparato do estado, não lhe ocorre. A ideia de que a democracia PRECISE da politização da vida e que PRECISE que você considere que o local democrático, isto é, a política, seja necessário para defender a agenda moral não lhe aparece sequer como uma suspeita secundária.
Aquele que for eleito será o pior. Seja o Bolsonaro, seja o Lula, aquele que for eleito irá ser aquele que carregará o maior número de pessoas com ele. Será aquele que irá perpetuar mais a impressão de legitimidade do governo e será aquele que irá nos manter mais longe da vitória. Dizer que eles não são iguais uma vez que estão no cargo é não entender O CARGO. É não reconhecer na política um meio de legitimação com TODAS as cartas marcadas.
Nada disso lhe ocorre e, ainda assim, ele diz que aqueles que demonstram as ausências de obviedade de seu discurso são os que buscam fazer de trouxa o povo. Digo o contrário. Digo que é ele quem nos faz de trouxa, querendo pagar de prudente e diferentão, sendo mais do mesmo.