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Libertarianismo e Valores

Tempo de Leitura: 4 minutos

Muitos aqui eram libertários e deixaram de ser. Sabe o que me diverte? Ser libertário é uma sacada. Ser libertário é sobre uma percepção que vêm da estrutura de constructos mais elementares: vida, liberdade e propriedade.

Essa sacada diz o seguinte: essa estrutura de constructos não pode ser relativizada, sem que pra isso, outros conceitos como justiça, verdade e humanidade sejam relativizados.

Toda e qualquer abstração que se proponha a fazer uma hermenêutica não libertária com a sua vida, não só abre precedentes perigosos, mas será imediatamente falsa. Isso porque a vida é sobre seu futuro e ninguém pode prever o que será do futuro de alguém, ou precificar isso, toda tentativa nesse sentido será falsa.

Toda e qualquer abstração que se proponha a fazer uma hermenêutica não libertária com a sua propriedade, não só abre precedentes perigosos, mas será imediatamente injusta. Isso porque sua propriedade é sobre o seu passado e é a maior prova do seu rastro na terra, estando exposto nas coisas que conquistou e nas modificações que fez na realidade, toda tentativa nesse sentido será injusta.

Toda e qualquer abstração que se proponha a fazer uma hermenêutica não libertária com a sua liberdade, não só abre precedentes perigosos, mas será imediatamente desumana. Isso porque sua Liberdade é sobre seu presente e o presente é a maior dádiva possível, seu único elemento de modificação do futuro, fruto do seu livre-arbitrio, fruto do ser humano como ser operador da realidade e como passível de significação. Toda e qualquer tentativa nesse sentido será desumana.

O libertário de verdade é o que ao perceber essa raiz hermenêutica temporal necessária da tríade liberal, olha pra dentro do seio da sociedade e o aplica até as últimas consequências. Toda e qualquer ação agora precisa possuir sempre moldes na razão, sob pena de ser injusta, falsa e desumana.

Do Resultado da Hermenêutica

A consequência disso é inevitável, as explicações simplesmente não são boas o bastante. O mundo como ele é, simplesmente não possui as respostas para as perguntas que o libertário faz.

Logo você passa a identificar inimigos ferrenhos no estado e em sua expressão última de dominação: o discurso político ideológico. O estado é uma gangue. Essa é a fase do ódio a todo e qualquer político.

Imposto é roubo, por ser injusto, falso e desumano. Sua alternativa é imediatamente idealizar aquilo que aqui ficou famoso como “Ancapistão“.

Um local em que o tempo não se dobre diante dos desígnios de uma parcela de expropriadores, não uma comunidade perfeita, mas uma temporalmente contida. Com bases em como as coisas são.

Libertarianismo e o Amor

Se ele for suficientemente esperto pra ler os livros certos, imediatamente perceberá que existe um segundo elemento aqui que evidentemente constrói a sociedade junto com o tempo. Esse elemento é o amor.

O amor é a consideração mercadológica primeira: os seres humanos possuem forte ímpeto de construir laços de confiança e de interação com outros e por algum motivo que utilitarista nenhum consegue explicar, hesitam em quebrá-los em sua esfera pessoal.

Esse amor pode ser lido mais a fundo ainda. Ao enxergamos a teia social, percebemos que o amor leva a maior parte dos seres humanos a serem em suas ações práticas, profundos respeitadores do tempo. Essa constatação levada a cabo lhe demonstra que o ancapistão já existe.

A partir daí, lhe resta identificar que o estado não existe. Afinal, como poderiam duas macro-estruturas simultâneas e opostas ocuparem o mesmo espaço social? O que existem são pessoas injustas, falsas, desumanas e impassíveis de amor.

É. Seja do ponto de vista da percepção racional, de uma análise bíblica ou de uma intuição social, essas características me parecem contidas no âmago da sociedade.

A missão do libertário é então contra a falsidade, injustiça, ódio e tudo aquilo que nos afaste da Humanidade. Dizer que abandonou essa missão, que um dia apoiou isso e não apoia mais, é típico de alguém que nunca entendeu a sacada.

Agora, cabe aqui responder a aqueles que forem dar conceitos diversos dos libertários:

Uma liberdade das próprias fundamentações do que define a liberdade. Uma liberdade última. Essa é a liberdade socialista. A percepção de que o homem é mais complexo que seu passado (expresso em relações materiais) e que portanto pode superá-lo. A esses eu digo: o tempo não pode ser ignorado, ainda que você queira. Ele é senhor do mundo e continua a correr enquanto discutimos, seu futuro já é passado para ele.

Uma liberdade restrita em prol da propriedade é negar o presente em prol do passado e limitar o futuro. Um estado menor com a intenção de proteger sua propriedade lhe tira seu aspecto humano de ser verdadeiramente completo e ativo no seio social. Aquilo que nos faz humanos nos trouxe até aqui e negar isso é negar a si mesmo.

Negar o mercado é negar uma expressão do amor. O anarquismo identifica problemas sem entender que não são as livres trocas que os provocam, mas estruturas superiores de poder que deturpam as mesmas. Nesse sentido é deturpar o amor querer abolir a capacidade de interação livre.

Libertários vocês de fato não foram. Nunca entraram a fundo nas premissas aqui apresentadas, que possuem centenas de filósofos para cada afirmação minha feita aqui e ao adquirir mais conhecimento, imediatamente mudaram suas posições porque não perceberam que lá no fundo, libertarianismo é sobre valores, então nunca os cultivaram.

Eu sou libertário e não o faço por ser burro. Eu sou libertário e não o faço por ser idealista. Eu sou libertário e não o faço por ser inocente.

Eu sou libertário porque sou Humano. 

Eu sou libertário porque busco ser Verdadeiro.

Eu sou libertário porque busco ser Justo. 

Eu sou libertário porque Amo. E isso, estado nenhum, deturpação nenhuma, utilidade nenhuma, fim nenhum poderá mudar. Don’t Tread On Me.

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