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Na antiga Atenas, aqueles que admiravam a filosofia estóica de individualismo escolheram como lema: “Abstenha-se dos feijões”. A frase tinha uma referência precisa. Ela significava: não vote. A votação em Atenas ocorria jogando-se vários feijões coloridos num receptáculo.
Votar significa expressar uma preferência. Não há nada implicitamente perverso em escolher. Todos nós, no curso normal de nossas vidas, votamos por ou contra dúzias de produtos e serviços. Quando nós votamos por (compramos) algum bem ou serviço, se segue que por uma negligência salutar nós votamos contra os bens e serviços que não escolhemos comprar. O grande mérito da escolha no mercado é que ninguém é obrigado pelas escolhas de ninguém. Eu posso escolher a Marca X. Mas isso não pode impedi-lo de escolher a Marca Y.
Quando nós colocamos a votação na estrutura da política, contudo, uma grande mudança ocorre.
Quando nós expressamos uma preferência politicamente, nós o fazemos precisamente porque pretendemos submeter os outros à nossa vontade. A votação política é o método legal que nós adotamos e exaltamos para obter monopólios de poder. A votação política não é nada mais do que a idéia de que o poder faz o direito. Há uma presunção de que qualquer política desejada pela maioria daqueles expressando uma preferência deve ser desejável, e a inferência vai tão longe até a presunção de que quem difere da opinião da maioria está errado ou é possivelmente imoral.
Mas a história mostra repetidamente a loucura das massas e a irracionalidade das maiorias. O único mérito concebível em relação à regra da maioria está no fato de que se obtivermos o monopólio das decisões por esse processo, nós coagiremos menos pessoas do que se permitirmos que a minoria coaja a maioria. Mas implícita em toda votação política está a necessidade de coagir alguém para que todos sejam controlados. A direção tomada pelo controle é acadêmica. O controle como um monopólio nas mãos do estado é básico.
Em tempos como estes, os homens livres devem reexaminar suas crenças mais estimadas e bem estabelecidas. Há apenas uma posição realmente moral para uma pessoa moral tomar. Ela precisa se abster de coagir seus semelhantes. Isso significa que ela precisa se recusar a participar do processo por meio do qual alguns homens obtêm poder sobre os outros. Se você dá valor ao seu direito à vida, à liberdade e à propriedade, então claramente há toda razão para se abster de participar num processo que é desenhado para remover a vida, a liberdade ou a propriedade das outras pessoas. Votar é o método de obtenção do poder legal de coagir os outros.
Robert LeFevre (1911–1986) foi um empresário e radialista de grande influência no movimento libertário americano. Defendeu o pacifismo e fundou a Freedom School (mais tarde renomeada para Rampart College) para disseminar sua filosofia.