A prótese de perna caseira que bombou na internet, é de Marcos de Oliveira Moraes, um garoto de 23 anos que criou uma prótese para sua perna com um tubo de PVC, um tubo metálico e um selim (banco de bicicleta).
Ele gastou apenas R$ 40 e, conforme se pode ver no vídeo abaixo, funcionava perfeitamente bem.
O jovem criou a prótese de perna caseira, pois teve a perna amputada em um acidente de moto em abril de 2018. Depois de um tempo utilizando muletas, ele decidiu comprar uma prótese para sua perna. Juntou algum dinheiro, mais uma ajuda da ex-patroa, e conseguiu os R$ 5 mil necessários para comprar uma prótese básica.
Porém, a prótese comprada, machucava um pouco e apenas 3 meses depois, ela rachou. O garoto devolveu a prótese à loja, mas, sem um prazo para receber uma nova de volta, não quis esperar e construiu a sua própria.
Para quem olha superficialmente, estamos de frente a uma falha de mercado. O capitalista malvadão não quer abrir mão de suas enormes margens de lucro para ajudar os pobres.
Ou então, talvez, seja um defeito inerente ao sistema capitalista: ele não é capaz de atender as pessoas a um custo baixo o suficiente, sendo necessário subsídios do estado.
Será que é isso mesmo?
Dado que em alguns setores é possível produzir com custos muito mais baixos produtos com muito mais tecnologia embarcada, veja smartphones e tvs, para citar apenas um exemplo, não parece ser esse o caso.
Se alguém preocupado com as dificuldades dos deficientes, ou mesmo o Marcos, quisesse replicar a construção da prótese de perna caseira dele, para ajudar outros amputados a um preço acessível, conseguiria?
Afinal, seria apenas comprar os mesmos insumos em maior quantidade e mão de obra, que nem precisa ser especializada. Certo?
Não exatamente. Em um livre mercado isso seria verdade, mas em um mercado regulado pelo governo, isto não é possível.
Um exemplo disso é uma função do Apple Watch 4 chamada ECG. Ele vem ativado por padrão nos EUA, mas no Brasil ele é proibido.
Foram feitos testes com mais de 400.000 pessoas por lá, mas mesmo assim é proibido aqui porque a Apple entendeu que os custos (de dinheiro e de tempo: a aprovação pode levar anos, quando o produto já teria sido substituído por um mais atual) não valem a pena.
Se não vale a pena para a Apple…
Não vale a pena para a Apple, uma das empresas mais valiosas do mundo, imagina para o Marcos…
Caso ele quisesse produzir as próteses de perna caseira, teria que seguir as normas RDC 192/2002 e RDC 185/2001 da Anvisa, realizar vários testes de forma gratuita, produzir diversos relatórios científicos para enviar ao agente regulador.
Depois disso deve contratar um técnico ortopédico com pelo menos 5 anos de experiência na área.
Então, precisa construir ou reformar um estabelecimento seguindo regras rígidas e, com sorte, ter a autorização concedida (o que pode levar anos, especialmente para pequenos empresários).
Não faz sentido econômico para ele fazer isso, e mesmo se quisesse fazer por caridade, estaria proibido da mesma forma. Pois ele está sujeito a multas e sanções, até mesmo de exercício ilegal da profissão.
Conclusão
Ele não vai fazer, não vai ganhar dinheiro, e milhares de amputados terão que continuar a utilizar muletas porque a Anvisa impede o acesso deles a esses produtos, com o objetivo de “proteger a população”.
Quem ganha com isso são as empresas já estabelecidas, que evitam novos concorrentes e podem cobrar mais caro. Ganham o spread entre o valor cobrado acima e os custos da regulamentação.
E então, já parou de acreditar no conto para gado dormir de que as agências reguladoras estão aí para te proteger?
Deixe nos comentários casos em que tiveram problemas com regulações esdrúxulas. Quem sabe mais pessoas saem da ilusão e percebem o verdadeiro objetivo do estado: escravizar você.
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O sistema de saúde brasileiro,acha que a pessoa amputa uma perna por gosto de usar prótese,e as empresas do setor fazem disso mina de dinheiro, até quando teremos de ser tratados assim? Sou amputado e estou vivenciando tudo isso.