Socialistas em geral defendem a ideia que o capitalismo é um produto dos cercamentos e privilégios estatais a alguns burgueses e afirmam que essa percepção é amplamente aceita no meio acadêmico. Na verdade é aceito e adotado por “intelectuais de esquerda” que tomaram a academia, ignorando outras análises históricas que apresentam outra perspetiva, como o fato de que muitas dessas terras “comuns” já vinham sendo apropriadas, que já vinha existindo acúmulo de capital desde o século XIII na Baixa Idade Média, que sem ele investimentos ou empréstimos não seriam possíveis.
Ignoram também que havia um crescente aumento da população que tornava a produção agrícola tradicional e a produção manufaturada insuficiente tanto na capacidade de absorver o número crescente de desempregados e de produzir o máximo para um número crescente de necessitados, obrigando muitos a procurar empregos nas indústrias, que a princípio, de fato eram poucas e não foram capazes de absorver esse número excedente de mão de obra, o que mudou logo em seguida com um aumento cada vez maior de fábricas, contratando um número cada vez maior de trabalhadores. Na verdade, bem antes da aplicação das primeiras leis trabalhistas que começaram no início do século XX, desde a década de 70 do século XIX as condições dos trabalhadores nas fábricas em países onde a industrialização já estava mais avançada já vinham melhorando.
Afirmam que a relação entre trabalhador e empregador não é voluntária porque o trabalhador o faz por necessidade. Ora, isso em nada anula a voluntariedade, seja por necessidade ou não, a decisão do trabalhador ainda assim é voluntária (não estou dizendo aqui que isso seja uma situação desejável), em última instância todos trabalham por necessidade, sem exceção, até o empregador se não produzir irá a falência, isso se aplica igual a todos, não é nada diferente de um autônomo trabalhando por necessidade e se sujeitando aos “caprichos” do consumidor.
Falham ao achar que o capitalismo é meramente fruto de um determinado contexto histórico, onde grandes empresários só cresceram através de favores com agentes estatais. Resta responder porque muitos desses foram a falência sendo superados em seguida por pequenos empreendedores menores que acumularam capital, muitos inclusive sendo de origem proletária, o que mostra que alguma coisa está muito errada com a análise dos socialistas de que o capitalismo seria um fruto das legislações estatais, quando o que ocorre de fato é que ele é oriundo do respeito a propriedade privada, divisão do trabalho, trocas voluntárias, acúmulo de capital que se seguidos a risca trazem uma maior riqueza social em geral. Resta aos socialistas explicarem como a qualidade de vida apesar das intervenções estatais melhorou drasticamente.
Marxistas por exemplo afirmam que isso se deve a uma evolução determinista da tecnologia, o que não faz sentido, pois além de não haver nenhuma fundamentação sólida nessa visão muito bem refutada por Mises em “Teoria e História”, ela não explica como é possível alocar os recursos de forma eficiente dado a escassez dos insumos necessários para isso e não haver uma concordância geral sobre como alocar os recursos. A tal da anarquia de produção. É a propriedade dos meios de produção sob os produtores visando satisfazer a demanda, o melhor possível dos consumidores que os leva a alocar os recursos da forma mais racional possível, e apesar das intervenções estatais esse processo não tem como ser anulado, no máximo sofre limitações para um maior aumento de riqueza.
Enquanto houver uma maioria interessada em um aumento constante da qualidade de vida, haverá incentivos para a permanência desse arranjo econômico e o estado não tem como aniquilá-lo, ele é uma organização parasita e vive dele, são os crescentes rendimentos do capitalismo que permitem um aumento constante de impostos para o benefício dessa instituição, e isso não é algo planejado por políticos. Simplesmente os estados menos opressores contra o capitalismo acabaram sendo mais bem sucedidos, enquanto os regimes socialistas foram se autodestruindo.
Como se vê, é o parasitismo estatal sobre o capitalismo que sustenta o estado, não o contrário. O capitalismo se mantém próspero apesar do estado e eu faço coro com os autores austrolibertários de que se não fosse as intervenções estatais, estaríamos muito melhor agora.
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