Vida, liberdade e propriedade não existem porque os homens fizeram leis. Pelo contrário, foi o fato de que a vida, a liberdade e a propriedade existiam antes que fez com que os homens fizessem leis.
Claude Frédéric Bastiat foi um economista, legislador e escritor francês que defendeu a propriedade privada, o livre mercado e o governo limitado. Talvez o principal tema subjacente dos escritos de Bastiat fosse que o livre mercado era inerentemente uma fonte de “harmonia econômica” entre os indivíduos, desde que o governo fosse restrito à função de proteger as vidas, liberdades e propriedades dos cidadãos contra roubo ou agressão. Para Bastiat, a coerção governamental só era legítima se servisse “para garantir a segurança da pessoa, a liberdade e os direitos de propriedade, para fazer reinar a justiça sobre todos”.
Bastiat enfatizou a função de coordenação de planos do livre mercado, um tema importante da Escola Austríaca, porque seu pensamento foi influenciado por alguns dos escritos de Adam Smith e pelos grandes economistas franceses do livre mercado Jean-Baptiste Say, François Quesnay, Destutt de Tracy, Charles Comte, Richard Cantillon (que nasceu na Irlanda e emigrou para a França) e Anne Robert Jacques Turgot. Esses economistas franceses estavam entre os precursores da moderna Escola Austríaca, tendo desenvolvido pela primeira vez conceitos como o mercado como um processo dinâmico e com concorrência, a evolução do dinheiro no livre mercado, a teoria do valor subjetivo, as leis da utilidade marginal decrescente e os retornos marginais, a teoria da produtividade marginal da precificação de recursos e a futilidade dos controles de preços em particular e do intervencionismo econômico do governo em geral.
A escrita de Bastiat constitui uma ponte intelectual entre as ideias dos economistas pré-austríacos, como Say, Cantillon, de Tracy, Comte, Turgot e Quesnay, e a tradição austríaca de Carl Menger e seus alunos. Ele também foi um modelo de erudição para aqueles austríacos que acreditavam que a educação econômica geral, especialmente o tipo de educação econômica que destrói a miríade de mitos e superstições criadas pelo Estado e seus apologistas intelectuais, é uma função essencial (se não dever) do economista. Mises foi um excelente modelo nesse sentido, assim como Henry Hazlitt e Murray Rothbard, entre outros economistas austríacos. Como disse Mises, os primeiros economistas “dedicaram-se ao estudo dos problemas da economia” e, ao “lecionar e escrever livros, eles estavam ansiosos para comunicar aos seus concidadãos os resultados de seus pensamentos. Eles tentaram influenciar a opinião pública a fim de fazer prevalecer políticas sólidas.”
Até hoje, a obra de Bastiat não é apreciada tanto quanto deveria porque, como Murray Rothbard explicou, os críticos intemperantes da liberdade econômica de hoje “acham difícil acreditar que alguém que seja ardente e consistentemente a favor do laissez-faire possa ser um importante estudioso e teórico econômico.” É bizarro que mesmo alguns economistas austríacos contemporâneos pareçam acreditar que o ato de comunicar ideias econômicas, especialmente ideias de política econômica para o público em geral, seja de alguma forma indigno de um praticante de “ciência econômica”. Pois esse é exatamente o modelo de erudição que o próprio Mises adotou, que foi levado mais agressiva e brilhantemente por Murray Rothbard, tudo na tradição do grande economista austríaco francês, Frédéric Bastiat.