O texto seguinte é um obituário feito por Jeff Riggenbach, amigo pessoal de Konkin, o texto relata a vida e o legado deixado por SEK3.
Não se enganem acerca disso: perdemos um grande libertário, e nós provavelmente não veremos mais do tipo dele.
Samuel Edward Konkin III nasceu em Saskatchewan, Canada, em 8 de Julho de 1947. Sua família se mudou para a [província] vizinha de Alberta enquanto ele ainda era um garoto, e ele cresceu aos arredores de Edmonton, terminando seu ensino médio lá e entrando na Universidade de Alberta, onde ele foi graduado, cum laude, em 1968. Na época em que ele chegou à Universidade de Wisconsin mais tarde naquele mesmo ano para começar os estudos de graduação em química, ele era um fã convicto de ficção científica e estava enamorando particularmente as obras de Robert. A. Heinlein.
Uma das novelas de Heinlein em particular o impressionaram — The Moon is a Harsh Mistress (1966) — no qual um grupo de colonos rebeldes na Lua, sob a liderança de um computador renegado e um filósofo político de cabelos brancos chamado Bernardo de la Paz, que defende algo que ele chama de “Anarquia Racional, fomentam uma revolução bem-sucedida. Sam já estava envolvido com política nessa época, mas não com política libertária — política populista, em vez disso. Na Universidade de Alberta ele serviu como cabeça da Young Social Credit League, um grupo estudantil aliado com as políticas do Partido do Crédito Social, um pequeno partido político canadense fundado em Alberta em meados da década de 1930 e se baseava nas teorias do economista britânico Clifford Douglas
Conforme a edição online da Encyclopedia Britannica coloca, “A teoria de Douglas, primeiro promovida em 1919 na publicação socialista britânica The New Age, visou remediar a crônica deficiência de poder de compra através da emissão de dinheiro adicional para os consumidores e de render subsídios para produtores em vista de liberar a produção do sistema de preços, sem alterar os empreendimentos privados e o lucro. O Movimento do Crédito Social teve um seguimento de curta duração na Grã-Bretanha na década de 1920 e chegou ao oeste do Canadá na década de 30.”
Em 1935, o recém-estabelecido Partido do Crédito Social “ganhou 56 dos 63 assentos contestados na Assembleia de Alberta”, o artigo da Britannica continua, “assim, formando o primeiro governo de Crédito Social do mundo, que permaneceu no poder por 36 anos.” Mais tarde, “ele governou a Colúmbia Britânica desde 1952, com exceção dos anos desde 1972 até 1975; e ele manteve assentos no Parlamento em Ottawa de 1935 até 1980, quando perdeu todos os seis dos seus assentos.”
Em uma das últimas coisas que ele escreveu, uma mensagem postada em sua lista de discussão de email Libertária de Esquerda na Quinta-Feira, 5 de Fevereiro de 2004, Sam ofereceu o seguinte comentário sobre o movimento do Crédito Social:
Paradoxalmente, assim como com vários movimentos populistas nos Estados Unidos, eu suspeito que o sucesso dos Creditistas Sociais no Canadá em verdade refletem o anti-estatismo arraigado do povo. Eles percebem com razão o capitalismo corporativo como um sistema de poder; e eles provavelmente vêm que o sistema bancário é uma grande parte do poder do capital organizado. Mas eles falham em perceber totalmente o papel da intervenção capitalista do estado nesse poder, e são distraídos por remédios estatistas. É tal qual o caso com os georgistas: eles percebem com razão a apropriação política da terra (a la Oppenheimer e Nock) como sendo centrais para a exploração — eles somente se desviam no remédio proposto.
“Estranhamente o suficiente”, continuou Sam, “o primeiro governo provincial de Alberta, 1905-1919, era georgista (dirigiam o Partido Liberal na época); o segundo foram os Fazendeiros Unidos de Alberta, 1919-1935, cuja ala federal era considerado o ‘ginger group’ da Partido Progressita do Canadá, e o terceiro era o Crédito Social (1935-1971).”
Em Madison, não demorou para o jovem creditista social de Aberta começar a ampliar seus horizontes políticos. Primeiro seu novo colega de quarto, candidato a Ph.D. em química eantigo devoto de Ayn Rand Tony Warnock, introduziu-o ao Wisconsin Conservative Club, onde ele encontrou pessoas que o disseram o nome do verdadeiro filósofo político e professor sobre o qual heinlein baseou de la Paz — Robert LeFevre. Antes de muito mais meses terem passado, Sam juntou-se a YAF de Wisconsin e foi selecionado como um delegado para a convenção nacional da YAF em St. Louis, em Agosto de 1969.
St Louis foi um divisor de águas para o desenvolvimento de Sam como um libertário. Ele foi para a convenção ainda pensando a si mesmo como um jovem conservador, embora o que ele tivesse lido e aprendido no ano passado de e sobre Rand, LeFevre, Ludwig von Mises e Murray Rothbard o trouxeram à margem de uma grande mudança no seu pensamento. “O último passo”, disse Sam a um entrevistador em 2002, “foi providenciado por um anarquista de livre mercado anticomunista chamado Dana Rohrbacher na convenção da YAF de St. Louis. Ele era um carismático ativista de campus, radicalizado por Robert LeFevre, que o providenciou com um pouco de financiamento para viajar o país com seu instrumento e músicas folk de campus em campus, convertendo capitulares da YAF em Alianças Libertárias e em capitulares de SIL. Infelizmente, ele caiu na política, mas não no PL [Partido Libertário]. O bilionário libertário Charles Koch o apoiou em duas campanhas primárias republicanas fracassadas, e depois de Rohrabacher ter sido posto na época como redator dos discursos de Ronald Reagan, ele recebeu sua recompensa de um seguro assento nos EUA. A Câmara dos Representantes de Orange County. Ele ainda está no escritório hoje, com crescente velhice. Há poucas questões sobre as quais ele é ainda libertário, certamente menos do que, digamos, Ron Paul.
“mas em 1969-71, Dana Rohrabacher era o ativista mais bem-sucedido e mais amado, e, em minha opinião, não haveria um movimento sem ele. E ele era um amigo próximo de mim, até ele ter cruzado a linha com a sua campanha para o Congresso”.
Se a convenção da YAF de St. Louis foi um divisor de águas no desenvolvimento pessoal de Sam como um libertário, foi também um divisor de águas para o movimento libertário. Como Sam colocou na mesma entrevista.
Em 1969, tanto o SDS quanto o Young Americans for Freedom [YAF] se dividiram em suas respectivas convenções. Os libertários de “direita” da YAF se juntaram aos anarquistas de livre mercado da SDS em uma conferência histórica em Nova York pelo fim se semana de Columbus Day, convocado por Murray Rothbard e Karl Hess. Em Fevereiro de 1970, vários ativistas trabalhando para Robert LeFevre organizaram uma conferência ainda maior em Los Angeles na USC, que incluiu Hess, o ex-presidente da SDS Carl Oglesby, e quase todos os grandes nomes do movimento naquela época. Eu fui a ambos, bem como também à Convenção da YAF em St. Louis anteriormente.
Depois da conferência de Los Angeles, as Alianças Libertárias do campus brotaram por todo o país. Eu pessoalmente organizei cinco em Wisconsin durante 1970 e uma dúzia em dowstate New York (a Cidade de Nova York e os arredores) de 1971-73. A primeira campanha “real” do Partido Libertário foi Fran Youngstein para Prefeito (da Cidade de Nova York) em 1973, e foi a única campanha em que libertários anti-políticos (o que os europeus chamariam antiparlamentares) trabalharam junto com […] anarquistas que abraçaram a procura por cargos políticos (os quais eu chamei de “partiarquistas”).
“Naquela época”, continuou Sam, “o movimento libertário cresceu da ‘sala de estar de Murray’ (e da Freedom School de LeFevre, mais tarde Rampart College) para milhares em 1970, dezenas de milhares em 1971, e centenas de milhares (alguns no exterior, como na Grã-Bretanha e na Austrália) em 1972. A forte taxa de crescimento do governo desnivelou com o aumento na visibilidade do partido”.
Há mais historiadores do movimento que difeririam com esse registro em um ou mais particulares. Por exemplo, Sam esquece de mencionar o papel crucial dos objetivistas deixados à deriva pela divisão Rand-Branden de 1968 na fundação do Partido Libertário. É certo que Ayn Rand converteu muito mais pessoas ao libertarianismo do que Murray Rothbard e Robert LeFevre combinados (dependendo, é claro, de como você define “libertarianismo”) – e isso era tão verdade em 1969 quanto é hoje. Também, Sam escreveu como se a SIL, a Society for Individual Liberty, já existisse na época da convenção de St. Louis da YAF. Sua organização predecessora, a objetivista Society for Rational Individualism (fundada por Jarret Wollstein), tinha existido por cerca de um ano naquela época. Ainda assim, isso é de algum modo enganoso. A SIL foi fundada em St. Louis em 1969, enquanto a convenção estava em andamento na cidade.
Esses equívocos são, em última instância, de pouca importância, entretanto. Em seus principais esboços, e com respeito a maioria de seus detalhes, o registro de Sam das origens do movimento e seu crescimento inicial é bem acurada – particularmente quando julgada pelos padrões do jornalismo apropriado. E foi como um jornalista libertário que creio que Samuel Edward Konkin III é melhor lembrado e melhor entendido. Depois da convenção da YAF, ele voltou para Madison por um ano, e então se mudou para Nova York. (No final das contas, Mises e Rothbard estavam ambos lá). Ele transferiu seus estudos da graduação para a N.Y.U. e terminou seu mestrado em Química Teórica, e então começou a trabalhar para o Ph.D. Em Manhattan, ele conheceu Rothbard e se tornou um ávido frequentador daquela famosa sala de estar, ele frequentava o famoso seminário de Ludwig von Mises em Economia Austríaca na N.Y.U., e ele veio a se envolver com o nascente Partido Libertário.
Como um delegado da Cidade de Nova York em 1973 e em 1974, para as convenções de Cleveland e de Dallas respectivamente, Sam organizou o “caucus radical” original dentro do partido. Como seu “caucus radical” sucessor, fundado no final dos anos 70 por Murray Rothbard, Bill Evers, Eric Garris e Justin Raimondo, ele foi designado para manter o partido propriamente aderido ao princípio libertário. Mas. por volta do final de 1974, Sam desistiu da ideia de que qualquer meta do gênero pudesse ser alcançada. Ele publicamente caminhou para fora do partido, levando um pedaço considerável dos seus membros com ele. Doravante, ele gostou de pensar-se como “o pior inimigo vivo do Partido libertário”.
De mais importância duradoura foi a decisão de Sam, uma vez que ele estivera em Manhatta por algumas horas, em começar a publicar. Quase logo em sua chegada em sua nova escola de graduação ele asumiu a editoração da NYU Libertarian Notes, um jornal de campus, rapidamente renomeando-a para New Libertarian Notes e visando a ela mais leitores. Sua missão, como ele a viu, era “cobrir” o infante movimento libertário – registrar seus problemas e eventos, e oferecer comentário visando direcionar o novo movimento no que Sam tomou como sendo a direção adequada. Havia muito acontecendo em Manhattan no início dos anos 70, muito fermento e crescimento do movimento. E não era tudo na sala de estar de Murray Rothbard. No Village, em Mercer Street, a Laissez-Faire Books, a primeira livravia libertária do país (a não ser que você conte a Biblioteca de Benjamin R. Tucker na 225 Fourth Avenue, que fechou em 1908) estava sendo estabelecida por Sharon Presley e John Muller. O Partido Libertário Livre estava polarizando o pensamento estratégico libertário entre aqueles que acreditaram que a ação política poderia ser usada par alcançar uma sociedade livre e aqueles que acreditavam que a ação política era uma traição do princípio libertário. Houve conversas, festas, arranjos de todo tipo. Era uma cena que clamava por um jornalista com a imaginação (dado o ainda muito pequeno mercado por notícias dessa subcultura) e a pura coragem para fazer disso sua principal ocupação.
“Em 1975”, escreveu Sam numa pequena autobiografia que ele preparou para a Free Exchange de Jeanie Kennedy em São Francisco no final dos anos 90, “Sam deixou Nova York sem apresentar sua tese [em verdade sua dissertação de Ph.D.] em Mecânica Quântica para poder trabalhar integralmente no Movimento Libertário e na grande Contra-Economia, provando por exemplo por mais de um quarto de século que se pode viver uma vida moral, ativista e livre do estado.”
Sam se mudou primeiro para Long Beach, California (a quinta maior cidade na California, com meio milhão de pessoas, cerca de vinte e cinco milhas do centro de Los Angeles). De lá ele mudou-se para Culver City, um subúrbio de Los Angeles. Então, depois de alguns anos em Las Vegas no alvorecer do novo século, ele retornou para Los Angeles. A New Libertarian Notes se transformou na New Libertarian Weekly e finalmente na New Libertarian, uma revista “mensal” que na verdade aparecia mensalmente apenas aos trancos e barrancos e finalmente se desmanchou de uma vez nos anos 90. Em uma ou outra de suas várias encarnações, entretanto, a New Libertarian era o principal objeto de atençã ode Sam por mais de vinte anos. E ela foi magnificente. Num tempo em que, como coloca Jesse Walter, “o meio libertário carecia de think tanks bem financiados e de revistas de alta qualidade, e quando oferecer uma alternativa de baixo orçamento não era uma questão de simplesmente lançar um blog”, Sam Konkin publicava consistentemente e regularmente em um piscar de olhos – menos de um piscar de olhos. E o que ele publicava era de algum modo conteúdo mais entretedor, provocativo e estimulante do que haveria em qualquer lugar na época. Muitos dos melhores escritores no movimento foram editores contribuidores, colunistas recorrentes, ou contrbuidores frequentes para as suas páginas – Robert Anton Wilson, James J. Martin, Wendy McElroy, Murray Rothbard, Jeffrey Rogers Hummel, Sharon Presley, Robert LeFevre, Eric Scott Royce, George H. Smith – e, claro, ele mesmo também estava ali, edição após edição, com seu comentário muitas vezes peculiar, mas quase sempre perspicaz e incisivo sobre as questões e eventos do dia e os últimos desenvolvimentos no movimento libertário.
Um dos principais mentores de Sam, Ludwig von Mises, argumentou em sua obra seminal Theory and History que a história é impossível na ausência de certas suposições – suposições sobre que tipos de eventos são importantes e que tipos não são, suposições sobre os modos nos quais a causalidade funciona em questões de ação humana. Na ausência de tais suposições, o historiador não teria base para decidir sobre o que escrever. Precisamente o mesmo pode ser dito sobre o jornalismo. O jornalista é, afinal de contas, em um certo sentido, um historiador com pressa. Como o editor de longa data do Washington Post Phillip Graham disse, o jornalismo fornece “um primeiro rascunho de… história”. De fato, jornais de um período são tomados por historiadores como “fontes primários” para informação sobre a história daquele período. E o que significa descrever The New York Times, por exemplo, como o “jornal de registro” para um determinado período do século XX é que The New York Times pode ser confiado para informação sobre a história daquele período, como é desdobrado dia após dia. Sam disse em mais de uma ocasião que ele considerou a New Libertarian a publicação de registro para o movimento libertário, a publicação para a qual historiadores futuros do movimento se voltariam para informação sobre a história do movimento, como é desdobrado dia após dia.
Sam sabia que todo jornalismo, assim como toda história, é baseada sobre certas suposições sobre a condição humana e sobre a qual coisas na experiência humana são mais ou menos importantes. Ele soube também que há dois, e somente dois tipos de jornalismo – o tipo no qual essas suposições são conscientemente sustentadas e explicitamente identificadas, e o tipo no qual elas nunca são identificadas, até mesmo pelos jornalistas cuja obra eles invisivelmente moldam e dirigem. Sam sempre foi o primeiro tipo de jornalista: ninguém que lia nenhuma de suas publicações tinha a menor dúvida sobre o ponto de vista defendido por seu editor.
Ao mesmo tempo, Sam nunca exigiu que os seus colaboradores, nem mesmo seus colunistas e editores colaboradores, concordassem com ele em tudo. Pelo contrário: o mastro do New Libertarian proclamou que “Todos que aparecem nesta publicação discordam!” Em uma época (nos anos 70 e 80) em que o faccionalismo dentro do movimento era ainda mais virulento do que é hoje (reminiscente às vezes das lutas internas entre os vários grupos palestinos concorrentes em Life of Brian de Monty Python), Sam seguiu uma política firme de publicar todas as facções. Numa época em que atacava ferozmente a rede de organizações e instituições então financiadas pelo bilionário do petróleo de Kanas, Charles Koch (a revista Inquiry da Cato Institute, a The Libertarian Review, os originais Students for a Libertarian Society), ele não tinha escrúpulos sobre deixar eu manter em meu posto em seu mastro e minha coluna regular, apesar do fato de que eu era um empregado em tempo integral do que Sam chamava de “the Kochtopus”, trabalhando para a Inquiry da Cato, e LR, falando em nome da SLS – e apesar do fato de que eu discordou com ao menos algumas de suas críticas ao Kochtopus. Ele não fez segredo das suas próprias visões, é claro; de fato, se ele publicou um artigo de qualquer um que discordasse com ele sobre qualquer coisa, ele sentiu-se livre para anotar o artigo com comentários parentéticos entre colchetes para deixar claro o que ele sentiu que a posição de “sinuca de bico” era sobre o tópico em questão.
E qual era a “sinuca de bico?” Qual era o conjunto de suposição que guiaram Samuel Edward Konkin III em sua prática de jornalismo libertário? Em uma palavra, Rothbardianismo. Se a memória me serve bem (e, é claro, ela raramente o faz), no dia em 1975 que eu pela primeira vez encontrei Sam, eu também conheci outro luminoso libertário da época, Williamson M. “Bill” Evers. Um dia de outono em Los Angeles eu parei no apartamento de George Smith no meu caminho para casa de uma viagem de compra de livros e percebi que ele tinha dois convidados os quais eu nunca conhecera antes. George me apresentou aos dois e, mais tarde, quando eles foram embora e eu ainda estava por perto, comentou: “Você sabe como que algumas pessoas são estritamente randianas? Bem, Bill é talvez o melhor exemplo que você poderia achar de um estrito rothbardiano”. Há ampla ironia nessa memória, pois, dos dois, foi Sam, não Bill, que provou ser o verdadeiro Rothbardiano. Sam seguiu Rothbard fielmente em sua insistência em uma política estrangeira não-intervencionista. Ele fielmente seguiu Rothbard em sua denúncia da educação “pública”. Evers é agora um empregado assalariado d. U.S. Department of Defense, encarregado da reconstrução das escolas públicas em Bagdá, ele chama a si mesmo de “conservador libertário” impresso. Rothbard está sem dúvidas se revirando em seu túmulo.
Sam continuou para publicar um número de outros periódicos, em acréscimo ao New Libertarian. Houve o New Isolationist, Strategy of the New Libertarian Alliance, o Smart Set Libertarian Notes & Calendar, o The Agorist Quarterly, e vários outros. No final da década de 1980, empolgado com o financiamento que sua publicação frenética e não raramente inspirada havia atraído, Sam abriu um conjunto de escritórios para seu Agorist Institute (fundado em 1984) em um prédio de escritórios no centro de Long Beach e passou a hospedar uma série de aulas, conferências e palestras, além de sua publicação. Mais cedo na mesma década ele completou e publicou sua maior afirmação estratégia, o New Libertarian Manifesto.
Sam há muito invejava os libertários que tinham esposas e filhos; ele desejava, disse ele, criar novos libertários, além de conquistá-los pela persuasão. Em 1991, ele teve sua chance. Um breve casamento com Sheila Wymer produziu um filho, Samuel Edward Konkin IV, que agora tem, o amigo de longa data da família J. Neil Schulman me informa, treze anos de idade, sendo educado em casa por sua mãe, e precocemente exibindo tanto “a aversão de seu pai por impostos e [sua] predileção pelo punk rock”. Infelizmente, seu casamento também descarrilou o ambicioso programa de publicação de Sam. E embora tenha terminado rapidamente (o casamento, é claro), Sam nunca se recuperou. Na época de sua morte, ele anunciou a iminente ressurreição da New Libertarian e a iminente nova era nos quais seus websites – http://www.agorist.org, http://www.newlibertarian.com – circulariam e então seriam continuamente atualizados. Mas isso nunca aconteceu. Algo havia saído de Sam, algo que havia alimentado sua energia aparentemente ilimitada dos anos 70 e 80, e nunca mais voltou.
O que ele deixa para trás é seu legado como o principal jornalista libertário de sua época. Sam era um babyboomer de ponta e, como tal, um membro da segunda geração de liderança no movimento libertário “moderno” – ou seja, o movimento que surgiu na década de 1940 com a publicação do The Fountainhead de Ayn Rand, do The God of the Machine de Isabel Paterson, The Discovery of Freedom de Wilder Lane, do The Road to Serfdom de Friedrich Hayek e do Human Action de Ludwig von Mises, e com a fundação em 1946 da Foundation for Economic Education. A primeira geração da liderança desse movimento moderno foi composta por intelectuais que cresceram nas três primeiras décadas do século 20 – Rand, Rothbard, LeFevre, Nathaniel e Barbara Branden, Read. A segunda geração foi composta por intelectuais nascidos nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Desta segunda geração viriam dois grandes jornalistas libertários – Roy A. Childs Jr. (1949-1992) e Samuel Edward Konkin III (1947-2004). Ambos morreriam muito jovens. Childs foi devidamente homenageado na forma impressa com uma bela coleção de ensaios e resenhas de revistas e boletins informativos, Liberty Against Power (San Francisco: Fox & Wilkes, 1994). Espera-se que uma coleção póstuma semelhante seja feita dos escritos de Samuel Edward Konkin III, que morreu em 23 de fevereiro de 2004, para melhor estender seu legado à próxima geração de libertários e à próxima.