Por Murray Rothbard
[Retirado de Economic Controversies, seç. 7, cap. 48]
Mencione “economia de livre mercado” para um membro do público leigo e as chances são de que, se ele já ouviu alguma vez o termo, ele o identifique completamente com o nome Milton Friedman. Por vários anos, o professor Friedman ganhou homenagens contínuas da imprensa e da profissão, e uma escola de friedmanitas e “monetaristas” surgiu em aparente desafio à ortodoxia keynesiana.
Contudo, ao invés da resposta comum de reverência e temor por “um dos nossos que conseguiu”, os libertários devem receber o assunto com profunda suspeita: “Se ele é um libertário tão devoto, como é que ele é um favorito do Establishment?” Conselheiro de Richard Nixon e um amigo e associado da maioria dos economistas da administração, Friedman, de fato, deixou sua marca na política atual e, realmente, retribui como uma espécie de apologista não oficial da política nixonita.
Na verdade, nesse como em outros casos, a suspeita é precisamente a resposta certa para o libertário, pois a marca particular do professor Friedman de “economia de livre mercado” dificilmente é calculada para irritar os poderes constituídos. Milton Friedman é o Libertário da Corte do Establishment, e já é hora dos libertários acordarem para esse fato da vida.
A Escola de Chicago
O friedmanismo pode ser completamente entendido apenas no contexto de suas raízes históricas, e essas raízes são a chamada “Escola de Chicago” de economia da década de 1920 e 1930. Friedman, professor na Universidade de Chicago, é agora o indisputável líder da Escola de Chicago moderna, ou da segunda geração, a qual tem adeptos em toda a profissão, com os principais centros em Chicago, UCLA e Universidade da Virgínia.
Os membros da Escola de Chicago original, ou da primeira geração, eram considerados “esquerdistas” em seus dias, e de fato eles eram por qualquer tipo de critério genuíno de livre mercado. E enquanto Friedman modificou algumas de suas abordagens, ele permanece um homem de Chicago dos anos trinta.
O programa político dos chicaguistas originais é melhor revelado no trabalho notório do fundador e importante mentor político: A Positive Program for Laissez Faire[1] de Henry C. Simons. O programa político de Simons era pró laissez faire apenas em um sentido inconscientemente satírico. Ele consiste em três ideias chave:
- uma política drástica de quebra de trustes de todas as empresas comerciais e sindicatos até o tamanho de uma pequena ferraria, a fim de chegar a uma competição “perfeita” e ao que Simons concebeu como o “livre mercado”;
- um vasto esquema de igualitarismo compulsório, equalizando as rendas através da estrutura de imposto de renda; e
- uma política proto-keynesiana de estabilização do nível de preços através dos programas fiscais e monetários expansionistas durante a recessão.
Extrema quebra de trustes, igualitarismo e keynesianismo: a Escola de Chicago continha dentro de si muito do programa New Deal, e, consequentemente, seu status dentro da profissão de economista do início dos anos 1930 como uma margem esquerdista. E enquanto Friedman modificou e suavizou a postura obstinada de Simons, ele ainda, em essência, é Simonredivivus; ele apenas parece ser um apoiador do livre mercado pois o restante da profissão mudou radicalmente para a esquerda e para o estado nesse ínterim. E, de muitas maneiras, Friedman adicionou infelizes elementos estatistas que não estavam sequer presentes na antiga Escola de Chicago.[2]
A Escola de Chicago sobre Monopólio e Competição
Tomemos, por sua vez, os principais elementos do laissez faire coletivista simoniano. Sobre monopólio e competição, Friedman e seus colegas felizmente percorreram um longo caminho em direção à racionalidade desde a velha extrema quebra de trustes de Simons. Friedman agora aceita que a fonte principal de monopólio na economia é a atividade do governo, e foca em repelir tais medidas monopolizadoras.
Os chicaguistas tornaram-se progressivamente mais amigáveis às grandes empresas que operam no livre mercado, e friedmanitas como Lester Telser surgiram até mesmo com excelentes argumentos em nome da publicidade, anteriormente um anátema para todos os “competidores perfeitos”. Mas enquanto na prática Friedman tornou-se mais libertário na questão do monopólio, ele ainda mantém a velha teoria chigauista: que, de alguma maneira, o mundo absurdo, irreal e infeliz da “competição perfeita” (um mundo no qual toda empresa é tão minúscula que nada que fazem pode afetar sua demanda e o preço dos seus produtos) é melhor que o mundo real e existente da competição, o qual é apelidado “imperfeito”.
Uma visão infinitamente superior da competição é encontrada na totalmente negligenciada escola de “economia austríaca”, a qual despreza o modelo de “competição perfeita” e prefere o mundo real da competição de livre mercado.[3] Então, enquanto a visão prática de Friedman da competição e monopólio não é tão ruim, a fraqueza de sua teoria subjacente pode permitir a qualquer momento um retorno à frenética quebra de trustes dos chicaguistas da década de 1930. Não foi há muito tempo, por exemplo, que o associado mais ilustre de Friedman, o professor George J. Stigler, defendeu antes do Congresso a fragmentação quebra de truste da U.S. Steel em muitas partes constituintes.
O Igualitarismo Chicaguista de Friedman
Enquanto Friedman tinha abandonado o apelo de Simon para o igualitarismo extremo através da estrutura de imposto de renda, as linhas básicas do igualitarismo estatista ainda permanecem. Permanece no desejo chigaguista colocar a maior ênfase da estrutura tributária no imposto de renda, indubitavelmente o mais totalitário de todos os impostos. Os chicaguista preferem o imposto de renda, pois, em sua teoria econômica, eles seguem a desastrosa tradição da economia anglo-americana em separar agudamente as esferas da “microeconomia” e da “macroeconomia”.
A ideia é que há dois mundos da economia claramente separados e independentes. Por um lado, há a esfera “micro”, o mundo dos preços individuais determinados pelas forças de oferta e demanda. Aqui, os chicaguistas concedem, a economia é melhor deixada ao jogo desimpedido do livre mercado. Mas, eles afirmam, há também uma esfera distinta e separada, a esfera da “macro” economia, dos agregados econômicos, do orçamento governamental e da política monetária, onde não há possibilidade ou mesmo desejabilidade de um livre mercado.
Em comum com os colegas keynesianos, os friedmanitas desejam dar ao governo central o controle absoluto sobre as áreas macro, a fim de manipular a economia para fins sociais, enquanto mantêm que o mundo micro pode ainda permanecer livre. Em suma, os friedmanitas, bem como os keynesianos, concedem a vital esfera macro ao estatismo como o suposto framework necessário para a micro-liberdade do livre mercado.
Na realidade, as esferas macro e micro estão integradas e entrelaçadas, como os austríacos mostraram. É impossível conceder a esfera macro ao Estado enquanto se tenta manter a liberdade no nível micro. Qualquer tipo de imposto, e o imposto de renda não é menos importante, injeta sistemáticas confiscações e roubos na esfera micro do indivíduo, e possui infelizes e distorcivos efeitos em todo o sistema econômico. É deplorável que os friedmanitas, junto com o resto da economia anglo-americana, nunca prestaram atenção na conquista de Ludwig von Mises, fundador da Escola Austríaca moderna, na integração das esferas macro e micro na teoria econômica já em 1921, em seu clássico The Theory of Money and Credit.[4]
Milton Friedman revelou sua posição quintessencial pró imposto de renda e sua posição igualitária de várias maneiras. Como em muitas outras esferas, ele atuou não como um oponente do estatismo e defensor do livre mercado, mas como um técnico aconselhando o Estado sobre como seria mais eficiente em realizar seu maléfico trabalho. (Do ponto de vista de um genuíno libertário, quanto mais ineficiente as operações do Estado, melhor![5]) Ele se opôs às isenções fiscais e “brechas”, e trabalhou para fazer o imposto de renda mais uniforme.
Um dos feitos mais desastrosos de Friedman foi o importante papel que ele orgulhosamente desempenhou, durante a Segunda Guerra Mundial no Departamento do Tesouro, impondo ao sofredor público americano o sistema do imposto retido na fonte. Antes da Segunda Guerra Mundial, quando as taxas do imposto de renda eram muito menores que agora, não havia um sistema de imposto retido na fonte; todo mundo pagava sua conta anual de uma só vez, em 15 de março. É óbvio que sob esse sistema, o Internal Revenue Service não poderia nunca esperar extrair a soma anual inteira, nas taxas confiscatórias atuais, da massa da população trabalhadora. Todo o sistema medonho teria felizmente quebrado muito antes disso. Apenas o imposto retido na fonte friedmanita permitiu ao governo utilizar todo empregador como um coletor de imposto não pago, extraindo o imposto quieta e silenciosamente de cada contracheque. De muitas maneiras, nós temos Milton Friedman para agradecer pelo monstruoso e atual Estado Leviatã na América.
Em adição ao próprio imposto de renda, o igualitarismo de Friedman é revelado no panfleto de Friedman-Stigler atacando os controles de aluguéis. “Para aqueles, como nós, que desejam ainda mais igualdade do que existe atualmente […] é claramente melhor atacar diretamente as desigualdades existentes na renda e riqueza em suas fontes” do que restringir as compras de mercadorias específicas, como habitação.[6]
A influência mais desastrosa de Milton Friedman foi o legado de seu antigo igualitarismo chicaguista: a proposta de uma renda anual garantida para todo o mundo por meio do sistema de imposto de renda — uma ideia pegada e intensificada por esquerdistas tais como Robert Theobald, e que o presidente Nixon sem dúvida poderá levar ao novo Congresso.[7]
Neste esquema catastrófico, Milton Friedman foi mais uma vez guiado por seu desejo irresistível não de remover o Estado de nossas vidas, mas de fazer o Estado mais eficiente. Ele olha em volta, para a confusão de retalhos dos sistemas de bem-estar social locais e estaduais, e conclui que tudo seria mais eficiente se o plano inteiro fosse colocado sob a rubrica do imposto de renda federal e se a todos fosse garantido um determinado piso de renda. Mais eficiente, talvez, mas também muito mais desastrosa, pois a única coisa que faz nosso sistema de bem estar social atual ainda tolerável é precisamente sua ineficiência, precisamente o fato que a fim de obter seguro-desemprego, é preciso abrir caminho através da emaranhada, desagradável e caótica burocracia do bem-estar social. O esquema de Friedman tornaria o seguro automático, e portanto daria a todos uma reivindicação automática sobre a produção.
A “Função de Oferta” do Bem-Estar Social
Temos que perceber que estar no bem-estar social não é, como a maioria das pessoas acreditam, um ato simples e absoluto de Deus ou da natureza, um dado duro como uma erupção vulcânica. Estar-no-bem-estar-social, como todos os outros atos econômicos humanos, possui uma “função de oferta”: em outras palavras, se você faz o bem-estar social pagar o suficiente, você pode produzir tantos clientes de bem-estar social quanto você desejar ter. Pague eles pouco o bastante e você pode reduzir o número de clientes à vontade. Em suma, se o governo anunciasse que qualquer um que se inscreva em um balcão de “bem-estar social” recebe um cheque anual automático de $40,000 pelo tempo que ele desejar, nós logo iremos descobrir que quase todo o mundo se tornou um recipiente de bem-estar social — e mais, irá juntar-se a uma organização de “direitos de bem-estar social” para fazer lobby por $60.000 para compensar o aumento do custo de vida.
Mais especificamente, a função oferta dos clientes de bem-estar social é inversamente proporcional à diferença entre a taxa salarial vigente na área e o nível dos pagamentos de bem-estar social. Essa diferença é o “custo de oportunidade” de ir para o bem-estar social — a quantia que alguém perde por vadiar ao invés de trabalhar. Se, por exemplo, o salário vigente aumenta na área e os pagamentos de bem-estar social permanecem os mesmos, o diferencial e o “custo de oportunidade” de vadiar aumenta, e as pessoas tendem a deixar o subsídio de bem-estar social e ir trabalhar. Se o oposto acontecer, mais pessoas irão para o subsídio. Se estar em bem-estar social fosse um fato absoluto da natureza, então não haveria relação entre esse diferencial e o total no bem-estar social.[8]
Em segundo lugar, a oferta dos clientes de bem-estar social é inversamente proporcional a outro fator vitalmente importante: o desincentivo cultural ou de valores de ir para o bem-estar social. Se esse desincentivo é forte, se, por exemplo, um indivíduo ou grupo acredita fortemente que é mau ir para o bem-estar social, eles não irão, ponto. Se, por outro lado, eles não se importam sobre o estigma do bem-estar social, ou, ainda pior, eles anunciam pagamentos de bem-estar social como seu direito — um direito de exercer uma reivindicação compulsória e de saque sobre a produção — então o número de pessoas no bem-estar social irá aumentar astronomicamente, assim como tem acontecido nos anos recentes.
Há vários exemplos recentes do “efeito estigma”. Foi mostrado que, dado o mesmo nível de renda, mais pessoas tendem a ir para o bem-estar social nas áreas urbanas do que nas rurais, presumivelmente como função da maior visibilidade dos clientes de bem-estar social e, portanto, o maior estigma na região mais escassamente povoada. Mais importante, há o fato brilhante de que certos grupos religiosos, mesmo quando significativamente mais pobres que o resto da população, simplesmente não vão ao bem-estar social por causa de suas suas crenças éticas profundamente arraigadas. Assim, os chineses-americanos, mesmo amplamente pobres, não são quase nunca encontrados no bem-estar social. Um artigo recente sobre albaneses-americanos na cidade de Nova York destaca esse mesmo ponto. Esses albaneses são invariavelmente pobres moradores de favela, e ainda assim não há albanês-americano no bem-estar social. Por quê? Porque, disse um dos seus líderes, “Os albaneses não mendigam, e, para os albaneses, receber bem-estar social é como mendigar na rua”.[9]
Outro exemplo exemplo é a Igreja Mórmon, pouquíssimos de seus membros estão no bem-estar social público. Pois os Mórmons não apenas inculcam em seus membros as virtudes da parcimônia, autoajuda e independência, eles também tomam conta de suas próprias necessidades através de programas de caridade da igreja que estão fundados no princípio de ajudar as pessoas a ajudarem elas próprias, e assim removê-las da caridade o mais rápido quanto for possível.[10] Portanto, a Igreja Mórmon aconselha seus membros que “ver e aceitar buscar e aceitar ajuda pública direta com demasiada frequência convida à maldição da ociosidade e fomenta os outros males da miséria. Destrói a independência, a diligência, a parcimônia e o respeito próprio.”[11] Assim, o programa de bem-estar social privado altamente bem sucedido da Igreja é baseado sobre os princípios que
a Igreja encorajou seus membros a estabelecer e manter sua independência econômica: encorajou a parcimônia e fomentou o estabelecimento de indústrias geradoras de empregos; tem estado sempre pronto para ajudar os membros fiéis necessitados.
E:
Nosso propósito principal foi estabelecer, na medida do possível, um sistema sobre o qual a maldição da ociosidade seria eliminada, os males de um subsídio abolidos, e que a independência, a diligência, a parcimônia e o autorespeito sejam mais uma vez estabelecidos entre o nosso povo. O desejo da Igreja é ajudar as pessoas a se ajudarem. O trabalho deve ser re-entronizado como os princípios regentes da vida de nossos membros da Igreja. […] Fiéis a esse princípio, os assistentes sociais ensinarão e exortarão fervorosamente os membros da Igreja a serem autossustentáveis em toda a extensão de suas forças. Nenhum verdadeiro santo dos últimos dias, enquanto estiver fisicamente apto, removerá voluntariamente de si mesmo o fardo de seu próprio sustento.[12]
A abordagem libertária ao problema do bem-estar social, então, é abolir toda a assistência pública, coerciva e substituí-la pela caridade privada baseada no princípio de encorajar a autoajuda, reforçada também por inculcar as virtudes de autoconfiança e independência em toda a sociedade.
Incentivos sob o Plano de Friedman
Mas o plano de Friedman, pelo contrário, se move precisamente na direção oposta, pois estabelece os pagamentos de bem-estar social como um direito automático, uma reivindicação automática e coercitiva sobre os produtores. Ele, portanto, remove o efeito estigma completamente, desencoraja desastrosamente o trabalho produtivo por taxação excessiva e estabelece uma renda garantida por não trabalhar, a qual incentiva a vadiagem. Além disso, estabelecendo uma renda base como um “direito” coercitivo, encoraja os clientes do bem-estar social a fazer lobby por pisos ainda maiores, assim continuamente agravando todo o problema. Mas Friedman, preso na separação anglo-americana de “micro” e “macro”, dá muito pouca atenção a esses efeitos cataclísmicos sobre os incentivos.
Mesmo os deficientes são prejudicados pelo plano friedmanita, pois um subsídio automático remove o incentivo marginal para o trabalhador deficiente investir em sua própria reabilitação vocacional, dado que o retorno monetário líquido de tal investimento é agora grandemente reduzido. Portanto, a renda garantida tende a perpetuar esses deficientes. Finalmente, o subsídio friedmanita pagaria uma uma renda mais elevada por pessoa às famílias no bem-estar social, assim subsidiando um aumento contínuo na população de crianças entre os pobres — precisamente aqueles que menos podem arcar com tal crescimento populacional. Sem entrar na histeria atual sobre a “explosão populacional”, é certamente absurdo subsidiar deliberadamente a criação de mais crianças pobres, que é o que o plano de Friedman faria como um direito automático.
Dinheiro e o Ciclo Econômico
A terceira maior característica do programa New Deal foi proto-keynesiana: o planejamento da esfera “macro” pelo governo a fim de resolver o ciclo econômico. Nesta abordagem à área inteira do dinheiro e do ciclo econômico — uma área na qual infelizmente Friedman concentrou a maioria de seus esforços — Friedman remonta não apenas aos chicaguistas, mas, como eles, ao economista de Yale, Irving Fisher, que foi o economista do Establishment dos anos 1900 a 1920. Friedman, de fato, saudou abertamente Fisher como o “maior economista do século XX”, e quando alguém lê os escritos de Friedman, tem geralmente a impressão de estar lendo todo o Fisher novamente, vestido, é claro, com bem mais conversa fiada matemática e estatística. Os economistas e a imprensa, por exemplo, têm saudado a recente “descoberta” de Friedman que as taxas de juros tendem a aumentar conforme os preços aumentam, adicionando um prêmio de inflação para manter a taxa “real” de juros a mesma; isso ignora o fato de que Fisher havia apontado isso na virada do século XX.
Mas o problema central com a abordagem fisheriana de Friedman é a mesma separação ortodoxa das esferas macro e micro que estragou suas visões sobre a tributação. Pois Fisher acreditava, novamente, que de um lado havia um mundo dos preços individuais determinados pela oferta e demanda, mas no outro havia um “nível de preço” agregado determinado pela oferta do dinheiro e sua velocidade de rotação, e que os pares nunca se encontram. A esfera macro e agregada é supostamente apta ao planejamento e à manipulação governamental, de novo, supostamente, sem afetar ou interferir com a área micro dos preços individuais.
Fisher sobre o Dinheiro
De acordo com essa perspectiva, Irving Fisher escreveu um famoso artigo em 1923, “The Business Cycle Largely a ‘Dance of the Dollar’” — recentemente citado favoravelmente por Friedman — o qual estabelece o modelo para a teoria chicaguista “puramente monetária” do ciclo econômico. Nessa visão simplista, o ciclo econômico seria meramente uma “dança”, em outras palavras, uma série causalmente desconectada e essencialmente aleatória de subidas e descidas no “nível de preço”. O ciclo econômico, em suma, são variações desnecessárias e aleatórias no nível agregado dos preços. Portanto, uma vez que o livre mercado dá origem a essa “dança” aleatória, a cura para o ciclo econômico é que o governo tome medidas para estabilizar o nível de preços, para manter esse nível constante. Esse se tornou o objetivo da Escola de Chicago da década de 1930 e continua sendo o objetivo de Milton Friedman também.
Por que um nível de preço estável deveria ser uma ideia ética a ser atingida até mesmo pelo uso da coerção governamental? Os friedmanitas simplesmente tomam o objetivo como auto-evidente e dificilmente como necessitando de um argumento razoável. Mas a base original de Fisher foi um total desentendimento da natureza do dinheiro e dos nomes de várias unidades monetárias. Na realidade, como a maioria dos economistas do século XIX sabiam muito bem, esses nomes (dólar, moeda, libra, franco, etc.) não eram de modo algum realidades em si mesmas, mas são simplesmente nomes para unidades de peso de ouro ou prata. Eram essas mercadorias, surgidas no livre mercado, que eram os genuínos dinheiros; os nomes, o papel-dinheiro e o dinheiro bancário eram simplesmente reivindicações pelo pagamento em ouro ou prata. Mas Irving Fisher recusou-se a reconhecer a verdadeira natureza do dinheiro, ou a função própria do padrão-ouro, ou o nome de uma moeda como uma unidade de peso em ouro. Ao invés disso, ele considerava esses nomes de substitutos de papel-dinheiro emitidos pelos vários governos como absolutos, como dinheiro. A função desse “dinheiro” era “mensurar” valores. Portanto, Fisher considerou necessário manter o poder de compra da moeda, ou o nível de preços, constante.
O objetivo quixotesco de um nível de preço estável contrasta com a visão econômica do século XIX — e com a subsequente Escola Austríaca. Eles saudaram os resultados do mercado desimpedido, do capitalismo laissez faire, como provocando invariavelmente uma queda constante do nível de preços. Pois, sem a intervenção do governo, a produtividade e a oferta de bens tendem sempre a aumentar, causando um declínio nos preços. Assim, na primeira metade do século XIX — a “Revolução Industrial” — os preços tenderam a cair constantemente, aumentando, assim, as taxas salariais reais mesmo sem um aumento dos salários em termos de dinheiro. Podemos ver esse declínio de preço constante trazendo os benefícios dos padrões de vida mais elevados para todos os consumidores, em exemplos como os aparelhos de TV caindo de $2.000 quando primeiro colocados no mercado para cerca de $100 por um conjunto muito melhor. E isso em um período de inflação galopante.
Foi Irving Fisher, suas doutrinas e sua influência, que foi em grande parte responsável pelas desastrosas políticas inflacionárias do Federal Reserve System durante a década de 1920, e, portanto, pelo subsequente holocausto de 1929. Um dos maiores objetivos de Benjamin Strong, líder do Banco do Federal Reserve (Fed) de Nova York e ditador efetivo do Fed durante a década de 1920, sob a influência da doutrina de Fisher, era manter o nível de preço constante. E como os preços no atacado eram constantes ou de fato decrescentes durante a década de 1920, Fisher, Strong e o restante do Establishment econômico se recusaram a reconhecer que existia um problema inflacionário. Assim, como resultado, Strong, Fisher e o Fed recusaram-se a atender aos avisos de economistas heterodoxos como Ludwig von Mises e H. Parker Willis durante a década de 1920 de que a inflação insegura do crédito bancário estava levando a um colapso econômico inevitável. Tão teimosos eram esses louváveis que, ainda em 1930, Fisher, em seu canto do cisne como profeta econômico, escreveu que não havia depressão e que o colapso do mercado de ações era apenas temporário.[13]
Friedman sobre o Dinheiro
E agora, em seu altamente elogiado Monetary History of United State, Friedman demonstrou seu viés fisheriano na interpretação da história econômica americana.[14] Benjamin Strong, sem dúvida a influência mais desastrosa na economia da década de 1920, é admirado por Friedman por sua inflação e estabilização do nível de preços durante aquela década.[15] Na verdade, Friedman atribui a depressão de 1929 não ao boom inflacionário anterior, mas ao fracasso do Federal Reserve pós-Strong em inflacionar suficientemente a oferta monetária antes e durante a depressão.
Em suma, enquanto Milton Friedman prestou um serviço ao trazer de volta ao conhecimento da profissão de economista a influência dominante do dinheiro e da oferta de dinheiro nos ciclos econômicos, nós precisamos reconhecer que essa abordagem “puramente monetarista” é quase o exato oposto da sólida — bem como verdadeiramente de livre mercado — visão austríaca. Pois enquanto os austríacos defendem que a expansão monetária de Strong fez a quebra posterior de 1929 inevitável, Fisher-Friedman acredita que tudo o que o Fed precisava fazer era injetar mais dinheiro para compensar qualquer recessão. Acreditando que não há influência causal que vai do boom ao colapso, acreditando na teoria simplista da “Dança do Dólar”, os chicaguistas simplesmente querem que o governo manipule essa dança, especificamente para aumentar a oferta de dinheiro para compensar a recessão.
Durante a década de 1930, portanto, a posição de Fisher-Chicago era que, a fim de curar a depressão, o nível de preços precisava ser “reflacionado” de volta aos níveis da década de 1920, e essa reflação deveria ser realizada pelo:
- Fed expandindo a oferta monetária, e
- o governo federal se engajando em gastos deficitários e programas de obras públicas de grande escala.
Em suma, durante a década de 1930, Fisher e a Escola de Chicago eram “keynesianos pré-keynes”, e eram, por essa razão, considerados muito radicais e socialistas — e com uma boa razão. Como os keynesianos posteriores, os chicaguistas favoreceram uma política monetária e fiscal “compensatória”, embora sempre com maior ênfase no braço monetário.
Alguém poderia objetar que Milton Friedman não acredita tanto em uma política monetária e fiscal manipuladora quanto em um aumento “automático” peloFederal Reserve a uma taxa de 3-4% ao ano. Mas essa modificação dos chicaguistas mais antigos é puramente técnica, decorrente da percepção de Friedman de que as manipulações cotidianas e de curto prazo do Fed sofrerão defasagens de tempo inevitáveis e, portanto, estão fadadas a agravar em vez de melhorar o ciclo. Mas nós devemos perceber que a política inflacionista automática de Friedman é simplesmente outra variante em sua busca pelo mesmo velho objetivo fisheriano-chicaguista: a estabilização do nível de preço — nesse caso, a estabilização ao longo prazo.
Portanto, Milton Friedman é, pura e simplesmente, um estatista-inflacionista, embora um inflacionista mais moderado que a maioria dos keynesianos. Mas isso é de fato um pequeno consolo, e dificilmente qualifica Friedman como um economista de livre mercado nesta área vital.
Fisher, Friedman, e o Fim do Padrão-Ouro
Desde seus primeiros dias, Irving Fisher foi – apropriadamente – considerado um radical monetário e um estatista por seu desejo de abandonar o padrão-ouro. Fisher percebeu que o padrão ouro- sob o qual o dinheiro básico é uma mercadoria minada no livre mercado ao invés de criada pelo governo – era incompatível com seu desejo irresistível de estabilizar o nível de preço. Assim, Fisher foi um dos primeiros economistas modernos a clamar pela abolição do padrão ouro e sua substituição por dinheiro fiduciário.
Sob um sistema fiduciário, o nome do dinheiro — dólar, franco, marco, etc. — torna-se o padrão monetário final, e o controle absoluto sobre a oferta e uso dessas unidades está necessariamente investido no governo central. Em suma, o dinheiro fiduciário é inerentemente o dinheiro do estatismo absoluto. O dinheiro é a mercadoria central, o centro nervoso, por assim dizer, da economia de mercado modern, e qualquer sistema que coloque o controle absoluto dessa mercadoria nas mãos do Estado é irremediavelmente incompatível com uma economia de livre mercado ou, em última análise, com a própria liberdade individual.
No entanto, Milton Friedman é um defensor radical da ideia de cortar todos os laços atuais, por mais fracos que sejam, com o ouro, e seguir um padrão total e absoluto de dólar fiduciário, com todo o controle investido noFederal Reserve System.[16] É claro, Friedman aconselharia então o Fed a usar esse poder absoluto sabiamente, mas nenhum libertário digno desse nome pode ter nada além de desprezo pela própria ideia de conferir poder coercitivo a qualquer grupo e depois esperar que tal grupo não use seu poder ao máximo. As razões pelas quais Friedman é totalmente cego às implicações despóticas e tirânicas de seu esquema de dinheiro fiduciário é, mais uma vez, a arbitrária separação chicaguista entre o micro e o macro, a esperança vã e quimérica que nós podemos ter controle totalitário da esfera macro enquanto o “livre mercado” está preservado na micro. Deve ser claro agora que esse tipo de micro-”livre mercado” chicaguista truncado é “livre” apenas no mais zombeteiro e irônico sentido: é muito mais a “liberdade” orwelliana de “Liberdade é Escravidão”.
Um Retorno ao Padrão-Ouro
Não há dúvidas quanto ao fato que o sistema monetário internacional presente é uma monstruosidade malograda e irracional, e precisa de uma reforma drástica. Mas a reforma proposta por Friedman, de cortar todas as ligações com o ouro, tornaria muito piores essas questões, pois deixaria todo mundo à completa mercê de seu próprio estado emissor de dinheiro fiduciário. Precisamos ir precisamente na direção oposta: para um padrão-ouro internacional que restauraria o dinheiro-mercadoria em todos os lugares e tiraria todos os estados manipuladores de dinheiro das costas dos povos do mundo.
Ademais, o ouro, ou alguma outra mercadoria, é vital para prover um dinheiro internacional — um dinheiro básico no qual todas as nações possam trocar e resolver suas contas. O absurdo filosófico do plano friedmanita de cada governo fornecendo seu próprio dinheiro fiduciário, separado de todos os outros, pode ser visto claramente se nós considerarmos o que aconteceria se toda região, toda província, todo estado, não, cada bairro, condado, vila, bloco, casa ou indivíduo emitisse seu próprio dinheiro, e então tivéssemos, como imagina Friedman, taxas de câmbio livremente flutuantes entre todas essas milhões de moedas. O caos que se seguiria resulta da destruição do próprio conceito de dinheiro — a entidade que serve como meio geral para todas as trocas no mercado. Filosoficamente, o friedmanismo destruiria o próprio dinheiro e nos reduziria ao caos e ao primitivismo do sistema de escambo.
Um dos erros cruciais de Friedman em seu plano de entregar todo o poder monetário ao Estado é que ele falha em entender que esse esquema iria ser inerentemente inflacionário. Pois o Estado teria então em seu pleno poder a emissão de uma oferta de dinheiro tão grande quanto desejasse. O conselho de Friedman de restringir esse poder à uma expansão de 3-4% por ano ignora o fato crucial que qualquer grupo, chegando à posse do poder absoluto de “imprimir dinheiro”, tenderá a… imprimí-lo! Suponha que John Jones receba do governo o poder absoluto, o monopólio compulsório sobre a impressão, e seja autorizado a emitir tanto dinheiro quanto achar adequado e usá-lo da maneira que achar melhor. Não está claro que Jones usará esse poder de falsificação legalizada ao máximo e, portanto, que seu domínio sobre o dinheiro tenderá a ser inflacionário? Do mesmo modo, o Estado há muito se arroga o monopólio compulsório da falsificação legalizada, e assim tendeu a usá-lo: consequentemente, o Estado é inerentemente inflacionário, assim como seria qualquer grupo com o poder exclusivo de criar dinheiro. O esquema de Friedman apenas intensificaria esse poder e essa inflação.
A única solução libertária, ao contrário, é fazer o Estado expelir seus acúmulos de dinheiro-mercadoria. Franklin Roosevelt, sob o pretexto de uma “emergência de depressão”, confiscou todo o ouro detido pelo povo americano em 1933, e nada foi dito por quase quatro décadas sobre devolver nosso ouro. Em contraste com Friedman, o libertário genuíno deve clamar ao governo para que devolva o ouro roubado das pessoas, que o governo confiscou de nós em retorno de seus dólares de papel.
Efeitos de Vizinhança
Portanto, nos dois campos macro vitais da tributação e do dinheiro, a influência de Milton Friedman tem sido enorme — muito maior que em qualquer outra área — e quase uniformemente desastrosa do ponto de vista de um genuíno livre mercado. Mas mesmo no nível micro, onde sua influência tem sido menor e geralmente mais benéfica, Friedman forneceu aos intervencionistas uma brecha teórica tão ampla quanto uma porta de celeiro. Pois Friedman sustenta que é legítimo que o governo interfira no livre mercado sempre que as ações de alguém tenham o “efeito de vizinhança”. Portanto, se A faz algo que irá beneficiar B, e B não tem que pagar por isso, os chicaguistas consideram isso um “defeito” no livre mercado, e torna-se a tarefa do governo “corrigir” esse defeito taxando B para pagar A por esse “benefício”.
É por essa razão que Friedman endossa o governo fornecendo fundos para a educação em massa, por exemplo; uma vez que a educação das crianças deve beneficiar outras pessoas, então o governo supostamente está justificado em taxar essas pessoas para pagar por esses “benefícios”. (Mais uma vez, nessa área, a influência perniciosa de Friedman foi tentar tornar uma operação estatal ineficiente muito mais eficiente; aqui ele sugere substituir escolas públicas impraticáveis por pagamentos de vouchers públicos aos pais — deixando assim intacto todo o conceito de fundos de impostos para educação em massa).
Além do reino vitalmente importante da educação, Friedman, na prática, limitaria o argumento dos efeitos da vizinhança para tais medidas como parques urbanos. Aqui, Friedman está preocupado que, se os parques fossem privados, alguém pudesse gostar de olhar para um de longe e não ser forçado a pagar por esse benefício psíquico. Daí, ele defende apenas os parques urbanos públicos. Os parques rurais, ele sente, podem ser privados, pois podem ser isolados o suficiente para forçar todos os usuários a pagar pelos serviços prestados.
É pouco confortável que o próprio Friedman restringiria esse argumento do efeito de vizinhança para algumas instâncias, como educação e parques urbanos. Na verdade, esse argumento pode ser usado para justificar quase qualquer intervenção, e subsídio e esquema fiscal. Eu, por exemplo, leio o Human Action de Mises; Assim, absorvo mais sabedoria e me torno uma pessoa melhor; ao me tornar uma pessoa melhor, beneficio meu próximo; ainda assim, eles não estão sendo forçados a pagar por esses benefícios! O governo não deveria tributar essas pessoas e me subsidiar por ser tão digno ao ponto de ler o Human Action?
Ou, para dar outro exemplo, quer as feministas gostem ou não, muitos homens obtêm muito prazer ao ver garotas de minissaia; no entanto, esses homens não estão pagando por esse prazer. Aqui está outro efeito de vizinhança que permanece não corrigido! Os homens deste país não deveriam ser tributados para subsidiar as meninas a usarem minissaias?
Não adianta multiplicar exemplos; eles proliferam quase infinitamente e expõem o absurdo total e a difusão das concessões do efeito de vizinhança chicaguista ao estatismo. A única resposta que os chicaguistas conseguiram dar a esse reductio ad absurdum é que não levariam a intervenção do governo tão longe, embora admitam a lógica. Mas por que não? Por qual padrão, por qual critério, eles param em parques e escolas? A questão é que não existe tal critério, e isso apenas aponta para a falência intelectual, a falta de rigor lógico, no cerne da maioria da economia e das ciências sociais atuais — o friedmanismo incluído.
O Impacto de Friedman
E assim, ao examinarmos as credenciais de Milton Friedman para ser o líder da economia de livre mercado, chegamos à assustadora conclusão de que é difícil considerá-lo um economista de livre mercado. Mesmo na esfera micro, as concessões teóricas ao ideal notório de “competição perfeita” permitiriam uma grande quebra de trustes governamental, e sua concessão de efeito de vizinhança a uma intervenção governamental poderia permitir um estado totalitário efetivo, mesmo que Friedman limitasse ilogicamente sua aplicação a algumas áreas. Mas mesmo aqui, Friedman usa esse argumento para justificar o fornecimento estatal de educação em massa para todos.
Mas é na esfera macro, imprudentemente separada da micro por economistas que, depois de sessenta anos, permanecem ignorantes da conquista de Ludwig von Mises em integrá-las, é aqui que a influência de Friedman tem sido mais funesta. Pois encontramos Friedman carregando pesada responsabilidade tanto pelo sistema de imposto retido na origem quanto pela desastrosa renda anual garantida que se avizinha no horizonte. Ao mesmo tempo, vemos Friedman exigindo controle absoluto do Estado sobre a oferta de dinheiro — uma parte crucial da economia de mercado. Sempre que o governo, de forma irregular e quase por acidente, parou de aumentar a oferta de dinheiro (como Nixon fez por vários meses na segunda metade de 1969), Milton Friedman esteve lá para levantar a bandeira da inflação mais uma vez. E para onde quer que nos viremos, encontramos Milton Friedman, propondo não medidas em nome da liberdade, nem programas para reduzir o Estado Leviatã, mas medidas para tornar o poder desse Estado mais eficiente e, portanto, no fundo, mais terrível.
O movimento libertário tem se arrastado por muito tempo no caminho intelectualmente preguiçoso de não fazer distinções, ou de não discriminar, de não fazer uma busca rigorosa para distinguir a verdade do erro nas opiniões daqueles que afirmam ser seus membros ou aliados. É quase como se qualquer brincalhão de passagem que murmura algumas palavras sobre “liberdade” é automaticamente abraçado ao nosso peito como um membro de uma grande família libertária. À medida que nosso movimento cresce em influência, não podemos mais nos dar ao luxo dessa preguiça intelectual. Já é hora de identificar Milton Friedman pelo que ele realmente é. Já é hora de chamar uma espada de uma espada, e um estatista de um estatista.
[1] Henry C. Simons, A Positive Program for Laissez Faire: Some proposals for a Liberal Economic Policy (Chicago: University of Chicago Press, 1934).
[2] Neste artigo, eu estou confinando a discussão ao político-econômico, e omitindo os problemas técnicos da teoria econômica e da metodologia. É neste último que Friedman tem estado em seu pior, pois Friedman conseguiu mudar a antiga metodologia chicaguista, em sua essência aristotélica e racionalista, para uma variante flagrante e extrema do positivismo.
[3] Para uma excelente introdução à visão austríaca, veja a de F.A. Hayek, Individualism and the Economic Order (Chicago: University of Chicago Press, 1948), cap. 5.
[4] Ludwig von Mises, The Theory of Money and Credit, trad. H.E. Batson (Indianapolis, Ind.: Liberty Classics, 1980).
[5] Há uma anedota encantadora sobre o distinto industrial Charles F. Kettering. Visitando a cama de hospital de um amigo que estava reclamando do crescimento do governo, Kettering disse a ele: “Anime-se Jim. Graças a Deus não temos tanto governo quanto pagamos!”
[6] Milton Friedman e George J. Stigler, Roofs or Ceilings? (Irvington-on-Hudson, N.Y.: Foundation for Economic Education, 1946), p. 10.
[7] Para uma crítica adicional da doutrina de renda garantida de Friedman-Nixon, veja Murray N. Rothbard, “The Guaranteed Annual Income”, The Rational Individualist (setembro de 1969); e Henry Hazlitt, Man vs. The Welfare State (New Rochelle, N.Y.: Arlington House, 1969), pp. 62–100.
[8] Para uma demonstração empírica dessa relação, veja C.T. Brehm e T.R. Saving, “The Demand for General Assistance Payments”, American Economic Review 54, n.° 6 (dezembro de 1964): 1002–18.
[9] New York Times (13 de abril de 1970).
[10] Este era o mesmo princípio que orientava a Charity Organization Society na Inglaterra do século XIX. Essa organização liberal clássica “acreditava que o aspecto mais grave da pobreza era a degradação do caráter do homem ou mulher pobre. A caridade indiscriminada só piorava as coisas; isso desmoralizou. A verdadeira caridade exigia amizade, pensamento, o tipo de ajuda que restauraria o respeito próprio de um homem e sua capacidade de sustentar a si mesmo e sua família”. Charles Loch Mowat, The Charity Organization Society (London: Methuen, 1961), p. 2.
[11] Welfare Plan of the Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints (The General Church Welfare Committee, 1960), p. 48.
[12] Ibid., pp. 1–2.
[13] Irving Fisher, The Stock Market Crash—And After (Nova York: Macmillan, 1930).
[14] Milton Friedman e Anna Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867–1960 (Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1963).
[15] Veja Murray N. Rothbard, America’s Great Depression (Princeton, N.J.: D. Van Nostrand, 1963), para uma visão contrastante da década de 1920. Mais sobre a visão friedmanita vs. austríaca do ciclo econômico pode ser encontrada em Murray N. Rothbard, “The Great Inflationary Recession Issue: ‘Nixonomics’ Explained”, The Individualist (junho de 1970): 1–5.
[16] Veja Murray N. Rothbard, What Has Government Done To Our Money? (Auburn, Ala.: Ludwig von Mises Institute, 1990).