Se você tiver estômago para isso, considere ler o recente ataque de Hans Hermann Hoppe a todos os libertários de esquerda (que não vou linkar). É a mais notável combinação de megalomania:
Deixe-me enfatizar que eu considero esta teoria (a teoria de Hoppe) como essencialmente irrefutável, como verdadeira a priori. Na minha opinião, esta teoria representa uma das maiores — se não a maior — conquista do pensamento social. Ele formula e codifica as regras básicas imutáveis para todas as pessoas, em todos os lugares, que desejam viver juntar em paz.
Espantalho:
A afirmação empírica da esquerda, de que não existem diferenças mentais significantes entre indivíduos e, por implicação, vários grupos de pessoas, e de que o que parecem ser tais diferenças se devem a apenas a fatores ambientais e desapareceriam se apenas o ambiente fosse equalizado, é contrariada por toda a experiência da vida cotidiana e montanhas de pesquisa social empírica.
E racismo, sexismo e heterossexismo ferozes:
Libertarismo, como um sistema intelectual, foi primeiramente desenvolvido e elaborado de maneira profunda no mundo ocidental, por homens brancos, em sociedades dominadas por homens brancos. É em sociedades dominadas por homens brancos heterossexuais, onde a aderência dos princípios libertários é maior e os desvios deles são os menos severos (como indicado por politicas estatais comparativamente menos más e extorsivas). São homens brancos heterossexuais quem tem demonstrado a maior engenhosidade, indústria e proeza econômica. E são em sociedades dominadas por homens brancos heterossexuais, e em particular pelos mais bem sucedidos entre eles, o quais tem produzido e acumulado a maior quantidade de bens de capital e alcançado os maiores padrões de vida.
A única razão para os libertários lerem isso não é pelas suas afirmações (as quais Hoppe tem reciclado faz décadas e muitos de Lewrockwell.com tem criticado ele, sendo um dos primeiros Walter Block). Em vez disso, nosso objetivo deveria ser refletir e discutir porque o movimento pela liberdade é tão vulnerável a esse absurdo sem sentido, ridículo e repugnante. Por que intelectuais feito Hoppe (Tradutor: O Vallier esta sendo gentil em chamar esse cara de intelectual) são tão poderosos e proeminentes entre os libertários? Por que temos lideres de culto como Stefan Molyneux e trolls profissionais como Christopher Cantwell tendo tanto poder? Então qual o problema conosco? Qual o nosso problema?
Minha resposta: A armadilha contrária.
Libertarianismo não é uma visão popular. E é necessário tipos de personalidades particulares a serem abertas a visões impopulares. Alguns desses tipos de personalidades são pessoas que estão abertas a novas experiências, amam o mundo das ideias e tem uma disposição a ter um pensamento independente. No entanto, alguns desses tipos de personalidades simplesmente gostam de ter visões ultrajantes e provocativas, que gostam de discutir e brigar com os outros, que gostam de discutir e insultar os outros. O contrário é alguém do ultimo tipo.
Não sei o que torna as pessoas contrários. Minha suspeita é que tem um subgrupo de indivíduos que são naturalmente dispostas a terem posições impopulares e minoritárias. O problema com essas pessoas, no entanto, é que eles são abertas a todos os tipos de contrarianismos. Se a maioria fala X, o contrário fala ~X, mas se a maioria fala Y, o contrário fala ~Y. Ou seja, o perigo é o contrarianismo reflexivo e global.
Se eu estiver certo, devemos esperar encontrar populações relativamente grandes de tipos personalidades contrárias em qualquer movimento ideológico impopular e minoritário. E devemos esperar encontrar ligações entre diferentes posições radicais e contrárias. Eu não acho que seja surpresa que vários libertários são ateístas (impopular), negadores das mudanças climáticas (impopular), paleodietistas (impopular e bizarro), antipsiquiatria (impopular), conspiracionistas (impopular), transhumanistas (impopular), defensores da criogenia (impopular) e nativistas sobre a inteligência (impopular). Pense em alguns títulos populares de livros libertários, “Ateísmo, Ayn Rand e Outras Heresias” e “Defendendo o Indefensável”. O movimento negocia em “Gotchas!” De que outra forma podemos ser notados?
O contrarianismo global é uma coisa fácil de se cair dentro. Afinal, se você pensa que você racionalmente decidiu que milhões e milhões de pessoas estão completamente erradas sobre algo, é natural pensar que elas estão erradas sobre outras coisas também. Caramba, talvez a opinião da elite mainstream esteja errada sobre tudo e o mundo inteiro esteja virado de cabeça para baixo!
E tudo que resta é tomar a red pill e entra em um mundo de pensamento radical livre onde tudo é livre para questionar.
A maioria falha da armadilha contrária é que ela torna libertários abertos a visões que merecem ser impopulares e desprezadas, incluindo o racismo do tipo que Hans-Hermann Hoppe discursa de tempos em tempos. A esquerda social democrata não pode estar errada sobre o estado, eles tem que estar errados naquilo, e, obviamente, sobre tudo.
Se eu estiver certo, então o que podemos fazer para parar as formas mais virulentas e desagradáveis de contrarianismo? Não podemos fazer diretamente muita coisa. Enquanto o movimento for pequeno, vamos atrair um número desproporcional de contrários e isso quer dizer que provavelmente vamos nos encontrar presos a idiotas desagradáveis e intolerantes com influência desproporcional.
A melhor estratégia a longo prazo é crescer o movimento e ter certeza de não estamos crescendo o movimento com mais e mais contrários (Rothbard e Rockwell tentaram isso com o paleolibertarianismo; Os boletins de Ron Paul são o fruto desse esforço e sempre irão trazer a vergonha de seus nomes). Somente por aumentar o movimento é que poderemos importar grandes populações de não-contrários e diminuir a influência de líderes de culto, trolls e racistas.
Publicado em: 4 de Outubro de 2014
Autor: Kevin Vallier
Tradutor: Orenom
Nota: Vallier é um dos libertários com maior domínio em teologia. Recomendo Seguir seu twitter e comprar e ler seus livros.
