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Este artigo abre uma série de artigos sobre o Agorismo, uma vertente do libertarianismo que se preocupa em unir os princípios do libertarianismo com a prática destes princípios na vida real. Neste primeiro artigo vamos falar sobre do que se trata o Agorismo e os motivos dele ser tão relevante para todos aqueles que defendem a liberdade e a propriedade privada.

Primeiro, precisamos entender que o Libertarianismo é uma corrente filosófica que defende a não agressão contra indivíduos pacíficos, ou seja, tem como princípio a inviolabilidade da propriedade privada. Mas essa corrente possui diversas ideias que se originam dela. É muito comum que as pessoas se questionem sobre como viver o que a teoria prega na prática. Assim, muitas pessoas acabam levantando novas ideias e sugerindo que determinadas ações sejam tomadas para se seguir a ética, que é a área da filosofia que investiga o Dever. Uma das ideias mais defendidas é o Agorismo. Mas o que de fato é essa ideia?

Agorismo é uma vertente do libertarianismo que está muito arraigada nas discussões sobre libertarianismo, principalmente aqui no Brasil, mas que poucas pessoas conhecem sua teoria a fundo. O conhecimento sobre o Agorismo é muito relevante não só pelo impacto que já tem no libertarianismo e no anarcocapitalismo, mas também porque é uma das vertentes que mais se preocupa com a estratégia para que as pessoas possam de fato viver livres da coerção ilegítima, que normalmente ocorre através do estado – mas não apenas deste. Coerções podem ser de diversos tipos e formas, não apenas da violência armada e sistematizada, como por exemplo acontece em muitos lares onde o medo e a violência controlam algumas famílias. Ou ainda nas ruas com assaltantes e estupradores.

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No entanto, tendo em vista que o estado é a maior instituição agressora da história, é válido nos perguntarmos sobre o que faremos para evitar a intervenção do estado em nossas vidas e também alguma forma de combate à ele. O Agorismo se propõe a ser estas duas coisas, embora muitos libertários não conheçam ou pratiquem isso. A etimologia desta palavra vem da palavra grega Ágora, que eram os mercados livres onde se discutia política na Grécia Antiga. Apesar da palavra ágora se parecer com a palavra “agora”, que significa “neste momento”, o termo não possui nenhuma relação com este significado. Agorismo é um neologismo criado por Samuel Konkin III [1] e se trata de, nada mais e nem nada menos, do que ideias consistentes com a liberdade.

Sendo assim, a vertente trata da utilização de um conceito de consistência com a realidade, da não-contradição, às últimas consequências. É tornar as nossas ações do dia-a-dia algo que vá de encontro com os princípios libertários. É a garantia de que as ideias e o desenvolvimento do libertarianismo seja consistente com a proteção da propriedade privada.

Afirmar que há necessidade de consistência das teorias com a realidade é decretar a importância de seguir seus princípios. Significa não se permitir se corromper, pois muito se tem justificado em relação ao ato de defender à liberdade sem compromisso com a mesma. Tais quais são algumas destas frases a seguir [2]:

“Defendo a liberdade, MAS apoio que hajam políticos libertários no poder pois enfraquece a influência de socialistas dentro do Estado.” (João, 24 anos, Ceará)

 

“Defendo a propriedade privada, MAS acredito que em casos excepcionais ela possa ser violada.” (Letícia, 19 anos, Mato Grosso so Sul)

 

“Defendo que cada um pode fazer o que quiser da vida, MAS não podemos liberar as drogas agora porque muitos bandidos ficariam livres da prisão” (Matheus, 32 anos, São Paulo)

 

“Defendo a liberdade, MAS os relacionamentos homoafetivos devem ser proibidos porque violam os preceitos da minha religião.” (Fabiana, 18 anos, Rio de Janeiro)

O agorismo não permite esses “mas”. O agorista rejeita ser enganado, pois entende que as exceções são utilizadas para que alguns vivam às custas de outros. Dessa maneira, a defesa da liberdade pelo agorista não aceita exceções porque parecem ser algo melhor, porque pode trazer benefícios no curto prazo ou ainda porque pareça que alguns casos sejam diferentes.

O mais importante é entender que a prática agorista é a contraeconomia. Isto é, se trata da economia de livre-mercado contra a economia de Estado. Para aderir ao agorismo é necessário tomar para si práticas econômicas que evitem se filiar ao Estado, embora este esteja impregnado em quase todos os setores da economia de mercado. Assim, práticas como a de empreender, de sonegação fiscal ou até mesmo de armamento civil, tendo em vista que a venda é proibida pelo Estado pois este toma para si o monopólio da força, é uma medida agorista.

Estes foram apenas alguns exemplos de agorismo. Há muito o que se fazer dentro desta prática, e embora o Estado vá continuar intervindo na sua vida, o agorista tenta ao máximo fugir disso. Este artigo se limita, até então, em definir o que é a vertente de Konkin. Nos próximos artigos iremos nos aprofundar cada vez mais no tema.

NOTAS

[1] Samuel Konkin III foi o autor do New Libertarian Manifesto e um defensor da filosofia política que ele chamou de agorismo.

[2] Estes exemplos de frases, citadas no texto acima, são fictícias e hipotéticas, tais como as informações dos autores, na iniciativa de se referir à alguns pensamentos que já são proferidos no presente momento.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KONKIN, Samuel. O Manifesto do Novo Libertário. Artigo publicado pela Libertyzine. 16 de março de 2017.

Agorismo: Liberdade Na Prática. Roteiro. Curso da Universidade Libertária. Sessão 1: Introdução; Sessão 2: O Que É O Agorismo?

Pesquisa: “Quem foi Samuel Edward Konkin III?”, em 14 de janeiro de 2021. Acesso em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Edward_Konkin_III.

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