Em tempos de grande turbulência e de manifestações “antifascistas”, fica flagrante o desconhecimento histórico sobre fascismo enquanto fenômeno social, político e econômico. O embate, como não poderia ser diferente, está envolto a narrativas que visam deslocar o fascismo ao sabor das escolhas pessoais.
Se sou de esquerda, logo fascismo é de direita; se sou de direita, logo fascismo é de esquerda. Ninguém quer se identificar com o fascismo, todos acusam uns aos outros e assim os embates seguem indefinidamente de maneira caótica.
Essa confusão se deve, em grande parte, ao desserviço que a Escola de Frankfurt fez, especialmente Theodor Adorno, ao considerar o fascismo não apenas um fenômeno político observável pela realidade concreta, sendo localizado, catalogado e identificado no tempo e espaço, ou seja, histórica e geograficamente, mas sim um dado subjetivo e comportamental, variando conforme a personalidade de cada um. O conceito introduzido chama-se Escala F e supostamente avalia a inclinação autoritária das pessoas.
Para infortúnio das gerações vindouras – que não enfrentaram os reais fascistas na Segunda Guerra, e, portanto, não tiveram experiência direta com eles -, a proposta de Adorno ganhou enorme repercussão, sendo louvada pela “intelligentsia”, obtendo contornos de pretensa verdade e adentando o imaginário popular com extrema profundidade até o ponto de ser praticamente irremovível. E aqui nos deparamos com o enorme problema que assombra nossos dias.
Ora, uma vez que o fascismo passa a ser entendido como um comportamento subjetivo e não mais como um movimento político objetivo, toda e qualquer atitude que pareça repulsiva a alguém imediatamente se inserirá no balaio fascista. Se não é mais necessário atentar-se ao contexto social e político da Itália em meados dos anos 1920 até os anos 1940 para definir e classificar o movimento em questão, toda e qualquer proclamação se torna “válida”.
A flexibilidade e elasticidade que o termo ganhou não é mera coincidência, afinal, se tudo se trata, em essência, de um mero “comportamento autoritário”, tudo que pareça autoritarismo, mesmo que muitas vezes não o seja, já recebe apressadamente o devido rótulo e estigma dos puros e benévolos justiceiros sociais. O desfecho não poderia ser outro senão a total banalização do termo e a confusão mental flagrantes nos dias atuais.
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