Uma das principais referências econômicas dos Keynesianos é a crença de que há como intervir na estrutura de renda da sociedade para possibilitar uma sociedade mais igual através dos impactos disso no consumo.
Essa ideia pode ser traduzida numa manipulação monetária, fiscal, regulatória e executória do governo na vida social. Criam-se estruturas que incentivam o consumo e façam com que a população possa adquirir os produtos desejados. Mas quem é o verdadeiro beneficiado?
Uma das principais críticas marxistas é a de que esse tipo de perpetuação keynesiana não é capaz de resolver os elementos essenciais da estrutura de exploração porque não mexe com as estruturas essenciais do capitalismo que a criam, ainda que causem benefícios momentâneos.
Bem, um austríaco responderia a tudo isso com o seguinte exemplo:
John decidiu vender 50 hambúrgueres num bar com 50 pessoas a 10 reais cada. Digamos que apenas 10% dos presentes queria comer um hambúrguer a esse preço e que então John sairia dali com algum prejuízo dos hambúrgueres.
John provavelmente apenas levaria para sua família comer os hamburgueres se fossem 10, ainda que fosse tomar um prejuízo aparente já que normalmente não estaria disposto a fazer um hamburguer de tal custo para sua família. Mas, como depois dos 10 hambúrgueres ele não tem um método real de realocar esse recurso, John terá que diminuir o preço.
Digamos que John consiga vender todos os hambúrgueres a um preço ligeiramente maior do que o custo de 5 reais, ele vendeu a 6 reais. John saiu com um lucro de 50 reais e todos do bar sairam alimentados. John aprenderá que 6 reais é um preço sobre o qual a maioria das pessoas daquele ambiente está disposta a comercializar e irá ajustar suas expectativas de futuras compras de material para refletir isso ou ajustará seus preços para tal.
Veja que não importa para onde olhemos, os principais prejudicados em qualquer momento são justamente os empresários, que já possuem um instrumento nato para tal, chamado poupança. Os empresários entendem que as questões principais quanto a manutenção dessa renda envolvem risco e optaram livremente por isso.
Ainda que John tenha uma fábrica onde esses hambúrgueres sejam fabricados, os trabalhadores da fábrica não são participantes desse processo e como tal não correm os riscos que o empresário está correndo. Eles receberão seus salários independente das vendas de John que acontecem num momento posterior.
O que os Keynesianos propõem é proteger John do risco. Eles dizem que se John quer vender os seus produtos a 10 reais, então devemos produzir dinheiro para aumentar a quantidade de dinheiro disponível e fazer com que as pessoas possam comprar o hambúrguer de John.
Mas, veja que ao fazer isso nós estamos matando o processo de conhecimento do qual John utilizará para amplicar e melhorar seu negócio. Ao invés de fazer com que John tivesse que melhorar seu produto ou reduzir seus preços, estamos criando uma situação artificial de consumo que fará com que John continue a achar que é OK que ele venda os seus hambúrgueres na qualidade que estão, no preço que ele expôs. Na verdade, sob a perspectiva de John, seu negócio vai muito bem e ele pretende inclusive aumentar a produção de hambúrgueres de qualidade X a 10 reais.
Os austríacos se opõe fortemente a essa perspectiva. Mas, diferentemente dos marxistas, não propõem que o processo deixe de existir e tentam substituir esse processo de aprendizado natural por um processo artificial de divisão dos produtos. Tudo que os austríacos querem é permitir que o processo de esvaziamento do produto de John aconteça e permitir aos trabalhadores e consumidores que trabalhem e consumam livremente.
Bem, nesse interím, não é possível saber o que aconteceria num encontro entre um marxista, um keynesiano e um austríaco num bar, mas sabemos que provavelmente o keynesiano e o marxista estariam nesse encontro subsidiados por John aos olhares assustados dos trabalhadores e consumidores e numa oposição para inglês ver.
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