Teoria dos Sentimentos Morais (TSM)
A resposta ao problema da coesão social em Smith (como indivíduos, autocentrados por natureza, perseguindo seus interesses não levam a sociedade a um estado de natureza hobbesiano) está, em grande medida, respondido em TSM.
Neste livro, Smith diz que o que faz com que o Homem prefira tomar uma decisão à outra é desejo de aprovação de seus semelhantes (princípio da simpatia), que ao agir o Homem estabelece um espectador ideal que conhece as consequências e motivos das ações empreendidas e se reporta a ele como um juiz.
Este espectador imparcial é um consenso sobre virtudes e valores básicos (por isso mesmo imparcial e determinado histórica e geograficamente) que atua como um mecanismo de avaliação das ações de cada pessoa.
Nesse modelo somos observadores dos valores morais de nossas próprias ações. Smith, portanto, considera que o Homem é auto-interessado: toma suas decisões pensando em si mesmo (mesmo que ao agir se leve em consideração o impacto de suas ações sobre terceiros). O espectador ideal modera as decisões, limitando o espaço de ação.
Smith delega aos próprios Homens a capacidade de controlar seus instintos destrutivos. Os indivíduos podem perceber racionalmente, movidos pelo auto-interesse, como o estabelecimento de elos cooperativos pode garantir o mínimo de confiança mútua que a estabilidade social exige.
Análise do Texto
No capítulo, Smith fala sobre duas formas de divisão:
- Divisão do trabalho: divisão interna à unidade produtiva.
- Especialização dentro de uma manufatura, produção dividida entre vários indivíduos.
- Racionalmente concebido por um produtor.
- Divisão social do trabalho: separação dos ofícios em diversas unidades.
- Há um problema em como coordenar as diversas unidades produtivas.
- Não tem uma racionalidade, segue uma espontaneidade.
Encadeamento lógico do crescimento econômico para Smith:
Smith, em A Riqueza das Nações, descreve uma espiral de crescimento econômico que confere embasamento analítico para seu corpo teórico. O autor começa com a discussão que a divisão do trabalho aumenta a produtividade por trabalhador (devido a maior destreza, economia de tempo e invenções de máquinas), que leva à geração de excedente associado a cada trabalhador. Tal excedente, por sua vez, possibilita, em partes, o crescimento do estoque de capital e, consequentemente, aumenta o uso do emprego produtivo. O aumento de demanda por trabalho produtivo, acima da elevação do número de trabalhadores no período, conduz ao crescimento de salários, que, por sua vez, cria condições para o aumento futuro da população economicamente ativa. A consequência de tudo isso é a ampliação de mercados. A extensão de mercados possibilita que intensifique o processo de divisão do trabalho, fechando o círculo virtuoso de crescimento econômico. Portanto, como visto anteriormente, a causa mais importante do crescimento econômico, afirma Smith, é a divisão do trabalho.
Esta explicação anterior não significa que Smith dê um tratamento meramente mecânico à questão do crescimento econômico. Ele também incorpora o papel da lei, da propriedade privada e a necessidade de ausência de barreiras no mercado a fim de que os processos identificados ocorram na prática.
Os indivíduos são interdependentes (graças à divisão do trabalho), mas as decisões são autônomas.
O auto-interesse tem um duplo papel em Smith: estimula a generalização das trocas e, constituída uma sociedade que impera a divisão do trabalho, ele garante a complementaridade dos homens.
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.” (A Riqueza das Nações)
Na obra do autor, o interesse tem o papel de poder orientador para dirigir os homens a qualquer trabalho que a sociedade esteja disposta a pagar mais, ou seja, que a sociedade mais precise. Mas o auto-interesse é só metade do quadro, ele leva os homens à ação. Alguma coisa precisa limitar o impulso da fome de lucros individuais para livrar a sociedade de preços exorbitantes. Esse regulador é a competição, o conflito dos auto-interessados no mercado. Cada homem, além de fazer o máximo por si sem pensar nas consequências sociais, confronta-se com um rebanho de indivíduos motivados da mesma forma. Assim, como em Teoria dos Sentimentos Morais, os motivos próprios dos homens transmutam-se por interação para render o mais inesperado dos resultados: harmonia social.
O mercado, pela concorrência, pode trabalhar como uma mão invisível, fazendo as pessoas produzir o que os outros membros desejam, mesmo que os indivíduos não tenham nenhuma afeição ou intenção de fazer alguma coisa pelo o outro. É por isso que o interesse próprio pode produzir um resultado que é do interesse da sociedade, ou seja, uma sociedade comercial pode prosperar apesar de as pessoas não terem a menor afeição pelas outras.
Seu elemento crucial é o que o autor chamou de liberdade natural (mais parece uma liberdade econômica), a liberdade de transferirem seu capital e trabalho de uma atividade para outra de acordo com sua vontade, ou seja, espontaneamente. Foi essa preocupação com a liberdade que levou Smith a denunciar as restrições mercantilistas à indústria e comércio.
É na questão da espontaneidade da ação que o pensador escocês se contrapõe aos fisiocratas, pois, segundo ele, o interesse geral é resultado da soma dos interesses privados de forma espontânea e não mais providencial (divina). Com ele, o liberalismo não só se impõe, mas também muda de caráter: laiciza-se.
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