Liberdade Para Divergir

Tempo de Leitura: 3 minutos

》Por Charles T. Sprading

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Nota do Editor | O Texto a seguir constitui uma parte do prefácio do livro “Liberty and The Great Libertarian – An Antology on Liberty”, de Charles T. Sprading, publicado em 1913.

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Libertário: Aquele que defende o princípio da liberdade, especialmente a liberdade individual de pensamento e ação.

-Novo Dicionário Internacional Webster.

É no sentido acima definido que a palavra Libertário é usada ao longo deste livro. Em Metafísica, um Libertário é aquele que acredita na doutrina da liberdade da vontade, em oposição ao necessitarismo. Como os Libertários citados são quase todos crentes no determinismo (o oposto da teoria do “livre arbítrio”), e como as questões que eles discutem são todas sociológicas, eles não devem ser confundidos com os defensores do “livre arbítrio” nas discussões metafísicas.

Notar-se-á que os Libertários citados foram escolhidos de diferentes partidos políticos e escolas econômicas; há Republicanos, Democratas, Socialistas, Defensores do Imposto Único, Anarquistas e defensores dos Direitos da Mulher; e será percebido, também, que estas mentes mestras estão em perfeita concordância ao tratar da liberdade. Ressaltar que alguns deles nem sempre são consistentes em sua aplicação dos princípios da liberdade não é um argumento válido contra o princípio, apenas mostra que não aceitaram a liberdade como seu princípio orientador, nem talvez acreditem em sua aplicação universal. O princípio da igual liberdade foi abordado de muitos pontos de vista por esses escritores e aplicado a vários campos. A única questão que aqui precisamos considerar é se eles provaram ser a liberdade em relações humanas particulares uma dedução lógica do raciocínio correto; e isto o autor sustenta ter sido feito.

É mostrado pelos escritores citados que a liberdade foi aplicada a vários campos, e tem provado ser bem-sucedida onde quer que seja tentada. Muitos dos primeiros Libertários, vivendo em diferentes países, escreveram sem conhecimento uns dos outros; no entanto, o leitor detectará harmonia entre eles. Alguns acreditavam que a liberdade funcionaria neste ou naquele campo, outros acreditavam que funcionaria em campos alternativos; cada um nela tinha confiança em sua própria esfera particular e incentivava sua aplicação. Descobrimos que a teoria foi aplicada a muitas relações sociais, e que quando estas instâncias de sua aplicação são reunidas, como estão neste livro, elas demonstram conclusivamente que a extensão do princípio da igual liberdade a todas as relações sociais não só é viável, mas necessária.

Também será observado que os extremos se encontram aqui, e são igualmente previstos pela liberdade. O Individualista e o Comunista, cada um defendendo suas próprias ideias, estão ambos dentro do escopo da igual liberdade, e não há conflito entre eles quando o princípio da liberdade é respeitado; ou seja, se eles produzem e distribuem entre si. Planos aceitos voluntariamente por indivíduos, ou grupos de indivíduos, e não forçados aos outros não são, de forma alguma, uma violação da liberdade. Eles seriam se outros fossem forçados a fazê-lo pelo confisco dos “meios de produção e distribuição”, como os Socialistas de Estado pretendem fazer, excluindo, assim, os não- conformistas de seu uso. Não é a diferença de gosto entre os indivíduos que os Libertários se opõem, mas a imposição dos gostos de um sobre o outro. Os Individualistas acreditam na propriedade comum de coisas como estradas, ruas e vias fluviais, e os Comunistas acreditam na propriedade individual de coisas como roupas e objetos pessoais. Eles realmente se combinam; mas não há necessidade de se conformar com o gosto do outro ou de ser privado de sua própria liberdade.

Existe uma admirável Antologia da Imprensa Livre, de Theodore Schroeder, mas esta é a única antologia sobre o tema geral da liberdade conhecida por seu compilador, que realizou um estudo muito detalhado da literatura libertária.

O presente volume não se limita a alguns campos, como o excelente trabalho do Sr. Schroeder necessariamente fez, mas cobre todo o escopo da atividade social. Uma busca nas bibliotecas públicas evidencia que, comparativamente, pouco foi escrito sobre o tema da Liberdade—e há mais apresentações de argumentos para a Liberdade neste único volume do que se pode encontrar em uma dúzia de bibliotecas públicas comuns. O renascimento do interesse pelo assunto está agora se manifestando e o objetivo deste livro é fornecer ao que trabalha para a liberdade, ou ao amante da liberdade, um manual contendo todas as contribuições importantes sobre o assunto. O autor muitas vezes sentiu a necessidade de tal obra ao dar uma palestra ou participar de debate. Este volume representa cinco anos de pesquisa e arranjo de material e proporciona ao leitor, em um só volume, o que se espera vir a ser uma biblioteca útil e abrangente sobre o tema da Liberdade.

Uma parte da literatura deste livro está agora disponível aos leitores pela primeira vez em muitos anos, já que parte foi retirada pelos autores após muita perseguição; outra foi suprimida pelas editoras, devido à oposição de conservadores influentes, e parte considerável dela compõe a literatura negligenciada e não republicada, por seu pensamento estar muito à frente de seu tempo. O leitor médio encontrará os escritores de um século atrás talvez tão radicais quanto ele possa tolerar; enquanto o verdadeiro pensador progressista apreciará o pensamento mais avançado dos escritores libertários de sua época.

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Texto traduzido por Gabriel Camargo, adaptado por Billy Jow.


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